Ana Manso diz-se vítima de “linchamento político”

Antiga deputada do PSD foi afastada pelo ministro da Saúde da administração da ULS da Guarda, apesar dos “resultados extraordinários” da sua gestão.

Foto
Ana Manso processada PÚBLICO

Um dia depois de ter sido exonerada da administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, Ana Manso disse esta sexta-feira que foi vítima de um “linchamento político” e de uma “campanha orquestrada”. Se “não fosse militante do PSD”, afirmou ainda, continuaria hoje em funções como presidente do conselho de administração daquela unidade.

A antiga deputada do PSD e administradora hospitalar de carreira escolheu uma unidade hoteleira da cidade para, em conferência de imprensa, reagir hoje ao seu afastamento da ULS, afirmando que ficou “chocada” com o anúncio da sua exoneração.

O Conselho de Ministros demitiu quinta-feira Ana Manso e toda a sua equipa e nomeou a nova administração, que será presidida por Vasco Lino, um gestor com pós-graduação na área dois cuidados de saúde e que até agora foi director executivo do Agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira. A nova equipa deverá assumir funções no início da próxima semana.

Afirmando estar de “consciência tranquila”, a ex-administradora disse ao PÚBLICO que, em função dos “resultados extraordinários” da sua gestão, o que merecia “era um louvor e não ser exonerada”.

Puxando dos números, diz que “a ULS da Guarda passou de um resultado negativo de 820 mil euros para um resultado positivo de três milhões “. Segundo revelou, os dados operacionais são relativos ao primeiro trimestre do ano passado, comparados com igual período deste ano. “Este foi o nosso desempenho e o que me aconteceu foi ser vítima de um linchamento político”, insurge-se.

Declarando que nunca trabalhou na “base de seitas nem em função de interesses de lobbies”, a ex-deputada do PSD estranha a forma como foi exonerada, até porque, sublinhou, “todos nós estávamos a trabalhar com empenho, com dedicação, sempre pondo a ULS e a Guarda acima de quaisquer interesses, acima de quaisquer lobbies”.

Foi sob a sua liderança, notou ainda, que a Unidade Local de Saúde passou a ser, em termos de desempenho económico e financeiro, “a melhor da região Centro e a segunda melhor do país”.

Ana Manso diz que não encontra explicações para a sua exoneração do cargo e revela que soube da demissão porque o despacho lhe foi lido pela Administração Regional de Saúde do Centro, quando entende que “quem lhe devia ter telefonado era o ministro da Saúde”, Paulo Macedo.

Sobre o relatório da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) que apontou várias falhas ao nível da gestão da ULS, Ana Manso desvaloriza-o e sublinha que o documento apresenta 134 conclusões, sendo que “apenas cinco” dizem respeito ao conselho de administração a que presidiu. “Todas as outras têm a ver com anteriores administrações.”

A ex-presidente da ULS da Guarda sublinha ainda que a “auditoria não faz nenhuma alusão” à polémica nomeação do seu marido para auditor interno da ULS, que os partidos da oposição consideraram um “verdadeiro escândalo” e um “claro favorecimento familiar”.

Sugerir correcção
Comentar