Professores levaram um teste de ingresso na carreira de ministro da Educação para Nuno Crato, com cinco perguntas de escolha múltipla sobre questões como o número de alunos por turma, condições de financiamento de colégios privados, greves de professores, insucesso escolar e melhoria da qualidade de ensino.

Ocuparam o Ministério da Educação no dia 3 de Outubro para serem ouvidos pelo ministro ou um secretário de Estado. Saíram sem data agendada, mas com o compromisso de que o pedido de reunião seria analisado. Foram recebidos esta quinta-feira, mais de um mês depois do solicitado. Em agenda estiveram questões como o desemprego dos professores, o número de alunos por turma e a prova de acesso à carreira de docente. À saída traziam poucas respostas.

Quatro representantes do Governo para quatro professores desempregados. Miguel Reis, Belandina Vaz, Nuno Costa e Ilídia Pinheiro, professores, foram recebidos pelo director-geral da Administração Escolar, Mário Pereira, pelo director-geral da Educação, Fernando Reis, por uma responsável do gabinete da Secretaria de Estado do Ensino e Administração Escolar, Susana Castanheira Lopes, e uma representante da Secretaria de Estado do Ensino Básico, Emília Ribeiro.

Os professores fizeram-se acompanhar de um presente para Nuno Crato: um teste de ingresso na carreira de ministro da Educação, com cinco perguntas de escolha múltipla acerca de questões como o número de alunos por turma, condições de financiamento de colégios privados, greves de professores, insucesso escolar e melhoria da qualidade de ensino.

Miguel Reis disse ao PÚBLICO que houve poucas respostas concretas às questões colocadas, ficando evidente "alguma atrapalhação em justificar algumas medidas aprovadas". Questionados pelos professores acerca do número de alunos por turma, a resposta dada pelos responsáveis do ministério é que não existem estudos que provem que o número de alunos possa constituir um problema para o sucesso escolar.

Sobre a prova de acesso recentemente publicada em Diário da República, Miguel Reis alertava à entrada da reunião que muitos professores desempregados terão de pagar cerca de 50 euros em provas para poder aceder a uma profissão que é sua. Uma prova que classificou como um "atestado de incompetência às instituições do ensino superior" que os professores frequentaram e nas quais se graduaram. Para Belandina Vaz, tudo isto não passa de uma oportunidade de negócio: "Não sabemos objectivos, nem conteúdos e o preço foi a primeira coisa a sair."

Questionados pelos professores, os representantes do ministério afirmaram que a prova não constitui uma novidade, visto ser da autoria do anterior executivo. E mais não disseram. Confrontados com as excepções constantes do anterior projecto, que salvaguardavam a não necessidade de prestação de prova por professores com classificações positivas, "limitaram-se a não responder", afirmou Miguel Reis ao PÚBLICO.

No final ficaram muitas respostas por dar por parte do ministério e sobrou uma certeza dos docentes: "Vamos convocar um plenário de professores desempregados e discutir acções futuras."