Sócrates vai entrar na campanha para as europeias em “sinal de unidade”

Cabeça de lista do PS às eleições para o Parlamento Europeu afasta entendimentos com o Governo em torno de políticas de austeridade.

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Ex-primeiro-ministro vai regressar à política activa ao lado de Assis AFP

O ex-líder do PS José Sócrates vai entrar na campanha para as eleições europeias e a sua presença chegou a estar prevista na sessão de apresentação da candidatura oficial de Francisco Assis, que decorreu na semana passada, no Porto, e que assinalou ao arranque da campanha eleitoral.

Apostado em dar um “sinal de unidade” do partido, o cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu, Francisco Assis, confirmou ontem ao PÚBLICO que José Sócrates “participará em algumas das acções que vão decorrer no âmbito das europeias”, mas não se alongou em pormenores, revelando que “muitas pessoas” vão marcar presença na campanha”.

“O PS vai dar um grande sinal de unidade nestas eleições, porque percebemos uma coisa: as nossas pequenas ou grandes divisões internas são minúsculas perante aquilo que nos separa hoje da direita em Portugal e particularmente deste Governo de direita”, disse o deputado.

Declarando que o “PS tem uma responsabilidade perante o país” que é – disse – “de estarmos unidos, de apresentarmos propostas claras”, Francisco Assis propõe-se ouvir a sociedade e adverte que os socialistas “não se vão demitir de ter um pensamento e de dizer o pensam para o país e para a Europa”.

Em declarações ao PÚBLICO, no final de uma visita ao Centro de Emprego de Gaia - onde esteve ontem acompanhada da deputada Isabel Oneto para debater o fenómeno do desemprego que, naquele concelho, atinge cerca de 34 mil pessoas -, o candidato mostra-se confiante na vitória de Maio, porque “existe uma vontade de mudança no país”. “O PS tem de transformar o descontentamento que existe nos portugueses numa esperança e esse é o grande desafio que estas eleições trazem para todos e para mim em particular”.

Confiante no combate que vai travar, o cabeça de lista ao PE reconhece que ”nem tudo aquilo que o PS propõe é de concretização fácil”, mas – sustenta – “temos de nos bater pelas coisas, porque essa é a função do político”. E acrescenta: “Um político não existe para constatar a realidade, existe para a partir dessa constatação mudar a realidade e esse é o nosso combate neste momento”.

Quanto a entendimentos lançados pelo Governo, Assis é claro e assertivo: “Não podemos continuar com apelos vagos em nome de um entendimento abstracto, porque assim nunca encontraremos nenhum entendimento”. E tal como António José Seguro, afasta um “entendimento em torno de políticas de austeridade. Nós jamais estaremos disponíveis para uma solução dessas, porque está feito o teste prático da aplicação destas medidas: catástrofe económica e tragédia social”.

Relativamente às eleições europeias, defende que só com uma “maioria de esquerda democrática será possível dar um contributo decisivo para uma mudança que também deve ocorrer em Portugal para que haja uma nova política económica que corresponda àquilo que são as solicitações de todas as pessoas e de todos os sectores da sociedade neste momento”.

No final da vista, o deputado socialista disse que programou a deslocação ao Centro de Emprego de Gaia porque – disse -, “o emprego reflecte tudo, reflecte uma nova política económica, uma outra forma de olhar para a importância do investimento e reflecte também uma aposta em programas e orientações que visem a qualificação das pessoas”. E concluiu com uma certeza: “A grande aposta tem de continuar a ser o investimento nas pessoas”.

De acordo com indicadores fornecidos ao PÚBLICO, no Centro de Emprego de Gaia estão registadas 33.758 pessoas. Destas, cerca de metade têm idades entre os 35 e os 54 anos. Já o distrito do Porto conta com um total de 167.452 desempregados.

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