Socialistas de máquina de calcular na mão

Se o congresso no PS não se realizar, nem Seguro nem Costa saem bem na fotografia.

O dia no Partido Socialista começou com a demissão de Jorge Lacão do secretariado nacional do PS e, mais ao final do dia, de Susana Amador. São dois dos três secretários nacionais eleitos pela quota de António Costa. Sendo este um órgão de confiança política do secretário-geral, é coerente a posição assumida por ambos que exigem aquilo que António José Seguro ainda não deu sinais de querer fazer, ou seja, de convocar um congresso extraordinário no qual António Costa possa disputar a liderança.

Coerente também foi a posição do líder parlamentar, Alberto Martins, que veio nesta quarta-feira dizer que há regras constitucionais do partido que devem ser respeitadas e, logo, quem quiser nesta altura disputar o lugar de Seguro terá de reunir apoios na comissão nacional ou nas distritais.

Claro está que António Costa queria atalhar caminho e preferia que fosse o próprio António José Seguro a convocar o congresso. Mas o líder do PS continua sem dar sinais de querer passar por cima daquilo que Costa apelida de “questões metodológicas”.

Já se percebeu que, muito provavelmente, a discussão ficará adiada para este sábado, para a reunião da comissão nacional, mas não é garantido que o diferendo fique sanado nessa altura. Se não se resolver nada no Vimeiro, então será mesmo preciso recorrer ao apoio das federações distritais. E nesta altura quer Costa, quer Seguro, já estarão de máquina de calcular na mão a fazer o somatório dos apoios.

Mas ambos ficarão com um problema entre mãos, se o congresso não se realizar. António José Seguro será sempre acusado (aliás, já está a ser) de fugir à luta, de se refugiar nos estatutos e de ganhar na secretaria. E se o congresso não acontecer, porque António Costa não convenceu a comissão nacional ou as distritais, também é um sinal de que não tem a maioria do partido do seu lado.
 

  

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