Seguro vê “sintoma” de final de legislatura

Durante o debate quinzenal, líder do PS fala de crise política e vaticina que o Governo não vai terminar mandato.

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António José Seguro acusa o Governo de estar isolado Daniel Rocha

Num frente-a-frente acalorado, o secretário geral do PS, António José Seguro, disse no Parlamento, esta sexta-feira, que “se houver crise políica, haverá quem ofereça uma solução para Portugal”. Perante o barulho que se ouvia na bancada do PSD, em protesto pelas palavras do líder socialista, Seguro disse ser “um sintoma que só acontece no final da legislatura”.

“'Ou vais agora para eleições ou perdes o partido.' Esta frase não vem do PS. Foi dirigida a si e foi por isso que a troika foi obrigada a vir para o país”, disse António José Seguro, que deixou uma certeza: “Se houver crise política só há um responsável – Pedro Passos Coelho e Paulo Portas”. Na resposta, o primeiro-ministro disse perder “pouco tempo a reconhecer sintomas de final de legislatura que o senhor parece tão bem reconhecer”.

Quanto a crise política, Passos Coelho concorda com o líder do PS. “Este Governo só não concluirá os quatro anos de mandato se o próprio Governo não quiser. Isso não há dúvida”, disse, embora aponte como “estranha” a atitude de Seguro. “É o natural em democracia, pelo que não se percebe porque está tão interessado em falar de eleições todos os dias. Isso é que é estranho”, ripostou.

Passos Coelho desafiou ainda Seguro a dizer o que pensa sobre a reforma do Estado depois de “falar de programas de Governo e de maiorias absolutas”. O secretário-geral socialista assegurou que o PS nunca recusou debater a reforma do Estado, mas “coisa diferente é discutir cortes de quatro mil milhões por “opção” do Governo. “Quero dizer que não tem mandato nem legitimidade política para aplicar as propostas do relatório do FMI. O PS não deixará de dizer isso”, afirmou.

O primeiro-ministro Coelho contrariou: “Temos mandato claro para vencer a crise. O Governo deve dar o exemplo”. E o caso que citou foi dos gastos com o seu próprio gabinete que passaram de 4,2 milhões de euros em 2010, para 3,6 milhões em 2011 e para 2,7 milhões em 2012. Depois de pedir à própria Presidente da Assembleia da República para “tomar nota” dos dados, Passos disse ser “um contributo muito modesto”.

O líder socialista criticou ainda o Governo por estar isolado, depois de ter quebrado o consenso com a UGT e até de ter feito um “ataque” ao Presidente da República dizendo que não há espiral recessiva. “Claro que há”, rematou Seguro.

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