Rui Machete insiste no transbordo de armas químicas nos Açores

Ministro dos Negócios Estrangeiros foi a Washington encontrar-se com o Secretário de Estado John Kerry.

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Machete defende que CPLP tenha mais atenção aos aspectos económicos MIGUEL MANSO

Os responsáveis políticos portugueses não descartam a possibilidade do transbordo das armas químicas da Síria virem mesmo a passar pelos Açores.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, insistiu no tema após o encontro com o secretário de Estado, John Kerry, em Washington, e o Governo dos Açores voltou a assumir a disponibilidade para a operação se realizar no porto da Praia da Vitória.

Foi Machete quem recuperou a questão. À saída do encontro com John Kerry, confirmou que a matéria "foi analisada, mas não especificamente" e que Portugal está disponível. "Nos termos em que inicialmente pusemos à disposição a possibilidade do transbordo das armas químicas ser feito num porto português, neste caso nos Açores, se vier a ser necessário, e dentro das mesmas condições ou condições similares", acrescentou.

Durante o dia de ontem foi a vez do presidente do Governo regional. “O Governo dos Açores foi consultado sobre este processo e a posição do Governo dos Açores é aquela que na altura tive oportunidade de tornar pública. Nestas matérias de compromissos internacionais do nosso país, respeitadas as questões da segurança e da legalidade internacional, a solidariedade nacional é assumida e praticada pelos Açores em relação ao resto do país”, afirmou Vasco Cordeiro, em Ponta Delgada.

Mas a disponibilidade portuguesa embateu na escolha de um porto italiano. No dia 16 de Janeiro, as autoridades italianas revelaram que o porto de Gioia Tauro, na região da Calábria, fora o escolhido para a operação.

O tema do transbordo é relevante para a defesa da posição portuguesa em relação à redução do efectivo militar na Base das Lajes, nos Açores. A utilização do porto da Praia da Vitória para esta operação representaria – para o lado português – a confirmação do interesse estratégico de uma presença mais forte dos EUA nas Lajes.

Sobre esse outro tema, Machete adiantou ter tido “uma conversa muito positiva” com Kerry, embora tenha admitido que a margem de negociação é limitada, mas “dentro dessa limitação, foi uma conversa muito positiva”. Vasco Cordeiro considerou que foi “um encontro importante” que "se insere num aspecto considerado essencial pelo Governo dos Açores desde o início".
 
 

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