Rui Machete faz Ana Gomes evocar nossa senhora de Fátima e a das Necessidades

Eurodeputada do PS teria “respeitosa compreensão” se o ministro se demitisse.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu que cometeu uma “incorrecção factual” no caso das acções do BPN Enric Vives-Rubio

O caso das acções do BPN que o ministro nos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, deteve e que motivou declarações contraditórias no Parlamento levou nesta segunda-feira a eurodeputada socialista Ana Gomes a evocar duas santas: a de Fátima e a das Necessidades.

Num post publicado no blogue Causa Nossa

, intitulado

Ai valha-nos Nossa Senhora das Necessidades!

(uma referência ao Palácio das Necessidades, onde está sedeado o MNE), a eurodeputada do PS começa por afirmar: “Não vem, nesta ocasião, ao caso o juízo que me merece a interacção emoliente das vertentes política, profissional e de negócios do percurso público do Dr. Rui Machete: é a vida!”

Ana Gomes acrescenta que “face, todavia, ao que vimos iniludivelmente sabendo da sua pitoresca relação com a SLN — daquela que oportunamente não se recordou, como devia, e da de que agora se recorda como mero lapso factual — apetece-me evocar a conclusão de um célebre despacho de um grande Senhor da diplomacia portuguesa, o Ministro Vasco Futscher Pereira: "Ai, valha-me Nossa Senhora de Fátima!".

A eurodeputada diz ainda que, embora afastada das funções diplomáticas, se coibiu, “ao longo de quase três décadas” que exerceu, “em razão delas, de exigir a demissão do ministro.” “Mas não quero esconder a minha respeitosa compreensão, acaso ele tomasse a lúcida iniciativa de a solicitar”, termina.

O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu no sábado que cometeu uma “incorrecção factual” ao escrever, numa carta em 2008, nunca ter tido acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), mas disse não haver qualquer intenção de o ocultar.

Rui Machete lembrou, num comunicado enviado à agência Lusa, que já esclareceu “publicamente as circunstâncias, os valores e as datas” em que comprou e vendeu as acções que tinha na SLN, frisando que não teve “qualquer interesse ou intenção em ocultar” este facto.

Esta declaração surgiu depois de o Bloco de Esquerda ter pedido a demissão de Rui Machete por este ter alegadamente mentido ao Parlamento em 2008, numa resposta escrita à comissão de inquérito ao caso BPN.

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