Relvas interrompido por “Grândola Vila Morena”: “Governo só vai embora em 2015 se portugueses quiserem”

Ministro participou em debate em Gaia e ouviu protestos.

Nem as vaias, nem os insultos, nem os protestos ao som de “Grândola Vila Morena” desmoralizam Miguel Relvas. O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares mostrou-se nesta segunda-feira à noite convicto de que o Governo será bem avaliado pelo país no final do seu mandato.

“Este Governo só se vai embora em 2015 se os portugueses quiserem. Em 2015, Portugal estará melhor do que está hoje”, garantiu o ministro no debate sobre o “Momento Político” do Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia, momentos depois de ser vaiado e interrompido por um grupo de cerca de 20 manifestantes que entoou a música “Grândola Vila Morena”, a mesma que Passos Coelho ouviu no Parlamento no debate quinzenal.

A música surgiu precisamente quando Relvas se referia ao retrato da economia nacional. O grupo, sem qualquer ligação a partidos políticos e cujos membros garantiram que se formou de forma espontânea, entoou a música de Abril enquanto erguia cartazes contra a “política de direita”.

A interrupção, que durou cerca de 10 minutos, provocou mal-estar na sala e uma acesa discussão com o moderador e fundador do clube, Joaquim Jorge. O grupo exigiu mesmo a demissão do ministro e fez referências ao PREC – Processo Revolucionário em Curso. “Fascismo nunca mais. Basta de políticas de direita” e “este Governo é de gatunos” foram algumas das frases ouvidas.

Relvas sorriu e chegou mesmo a entoar alguns versos da música. “O povo é sereno”, garantiu no final. Após a interrupção, o grupo abandonou a sala ao mesmo tempo que acusava a organização do debate e o próprio ministro de ter “carros da polícia com vários elementos à civil escondidos”.

No interior da sala onde decorreu o debate, uma dezena de elementos do Corpo de Segurança Pessoal da PSP garantiu a segurança de Relvas.

“A pior coisa que um político pode fazer é amedrontar-se. Tem de levar as suas convicções até ao fim. A melhor maneira de ter medo é ter coragem”, sublinhou Relvas.

O ministro garantiu que “será possível baixar os impostos” no final do programa de assistência financeira, na mesma altura “que será possível fazer voltar os jovens que foram obrigados a sair do país”. Relvas defendeu ainda a necessidade de “investir nas pequenas e médias empresas, que são o coração da economia”.

O debate continuou muito tenso com boa parte do público a gritar, por várias vezes, as palavras “fascistas” e “gatunos”. O moderador do debate, Joaquim Jorge, teve de mandar “calar” frequentemente o público. “Este é o debate mais difícil da minha vida”, disse Joaquim Jorge.

Já Relvas garantiu que não estava ali para ser “julgado”. “Não vim aqui para ser julgado. Tenho uma vida íntegra e clara”, disse o ministro ao mesmo tempo que vários elementos do público o acusavam de “falta de dignidade”. “Os resultados falarão por nós no final da legislatura”, respondeu Relvas, que no final saiu pelas traseiras do hotel onde decorreu a conferência.

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