PS rejeita projecto de lei do CDS que proíbe publicação de sondagens durante as campanhas

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Para Pedro Mota Soares, as últimas europeias são um exemplo dos efeitos nefastos das sondagens Pedro Cunha (arquivo)

O vice-presidente da bancada socialista, Ricardo Rodrigues, revelou hoje que o PS rejeitará o projecto de lei do CDS-PP para proibir a publicação de sondagens durante os períodos de campanha eleitoral, admitindo abertura para, no futuro, “medidas de aperfeiçoamento”.

O deputado socialista considerou que seria “um retrocesso” proibir a publicação das sondagens, cujo valor para os portugueses “é relativo”, manifestando, no entanto, a disponibilidade da sua bancada para "um debate sobre medidas de aperfeiçoamento” ao actual regime.

"É através das sondagens que os senhores sentem alguma felicidade, ganham sempre às sondagens", ironizou, afirmando depois que "não é proibindo as sondagens que se resolve o problema".

Na abertura do debate, o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares pediu a aprovação do diploma afirmando que a proibição da divulgação dos resultados de sondagens em campanha eleitoral poderia ser até uma “medida transitória” que permitisse uma “discussão séria” sobre a forma como são realizadas as sondagens sobre eleições ou referendos.

Segundo o deputado, nas últimas eleições europeias “ficou provado o colapso” das sondagens, que “deram o CDS a desaparecer” quando afinal elegeu dois deputados. A proibição da publicação, defendeu, seria uma forma de permitir o exercício da “liberdade do voto” e da "qualidade da democracia".

Do lado do PSD, o deputado Campos Ferreira admitiu igualmente que “os institutos e empresas de sondagens não têm transmitido uma imagem de competência e credibilidade” o que, disse, pode suscitar “suspeições sobre a seriedade na realização de quem as faz”.

“A seguir a uma crise de credibilidade, deve seguir-se um momento de reflexão”, afirmou, discordando no entanto da proposta do CDS-PP, que “seria um retrocesso de 20 anos em Portugal”.

Por outro lado, o deputado duvidou da eficácia da proibição da publicação dos resultados em Portugal, frisando que as empresas de sondagens poderiam publicá-los em Espanha.

Do lado do PCP, o deputado Bruno Dias lembrou que o PCP votou contra o actual regime de sondagens, e considerou que muitas vezes a divulgação das sondagens nos últimos dias da campanha funciona como “peças de mecanismo de manipulação, deturpação e condicionamento do eleitorado”.

Para o líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, as sondagens “estão no banco dos réus da opinião pública” e mostraram nas últimas europeias um “resultado clamoroso”.

O deputado considerou que a “proposta do CDS não é a solução mais adequada”, afirmando preferir “que haja um sistema de auditorias e que sejam revistas as competências da entidade reguladora”.

Luís Fazenda considerou forçoso que haja “um debate e escrutínio” sobre as sondagens e lembrou que propôs no passado a criação de um instituto público de sondagens “a bem da concorrência”.

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