Portas estará de saída de Aveiro, PSD quer Montenegro em primeiro lugar

Líder do CDS-PP poderá quebrar tradição e surgir noutro círculo eleitoral. Distritais não abrem o jogo.

Foto
Paulo Portas tem sido candidato por Aveiro Miguel Manso

Paulo Portas não deverá surgir como número um da lista da coligação PSD/CDS-PP pelo círculo eleitoral de Aveiro nas próximas legislativas. De acordo com a estratégia definida pelos dois partidos, e num sistema de proporcionalidade tendo em conta o número de deputados eleitos em 2011, o CDS-PP tem direito ao 4.º e 8.º lugares da lista aveirense, posições previsivelmente elegíveis - atendendo que nas últimas eleições foram eleitos nove deputados do PSD em Aveiro.

O CDS-PP já deixou claro que não faz questão de ter cabeças-de-lista, mas não abre mão de manter o número de deputados, segurando posições presumivelmente elegíveis. Mas estará Paulo Portas disponível para abdicar da posição de cabeça-de-lista por Aveiro? Deverá quebrar uma tradição que vem desde as legislativas intercalares de 2002 como número um de uma lista por Aveiro? A comissão nacional do partido não dissipa as dúvidas, não dá respostas concretas, adianta apenas que depois da apresentação das linhas orientadoras para o programa eleitoral, cuja primeira parte será feita esta quarta-feira e a segunda no final do mês, se começará a definir as listas da coligação. A hipótese de Paulo Portas surgir como número dois em Lisboa, a seguir a Passos Coelho, é um cenário que está em cima da mesa, a não ser que o primeiro-ministro lidere a lista pelo círculo eleitoral de Vila Real como aconteceu nas últimas eleições.

Está tudo em aberto ou talvez não. Os líderes das distritais de Aveiro fecham-se em copas e garantem que o assunto não está a ser discutido neste momento. Mas não é bem assim. O PSD de Espinho deixa bem claro que quer que a lista de Aveiro seja encabeçada por Luís Montenegro - que nas eleições de 2011 surgiu em segundo lugar a seguir a Couto dos Santos.

Pinto Moreira, presidente da Concelhia de Espinho do PSD, é o primeiro a tomar posição pública. Enviou uma proposta à distrital e ao presidente do partido com a vontade expressa de ver o líder parlamentar do PSD “indigitado como número um da lista de coligação” em Aveiro, classificando-o como “o candidato mais bem preparado”. “Tem feito um excelente trabalho que lhe deu a notoriedade exigida para liderar a lista”, afirma Pinto Moreira ao PÚBLICO, fazendo questão de sublinhar o facto de Montenegro ser oriundo do distrito, de conhecer a realidade da região, e de ter criado “empatia” com as populações. Não estará o PSD a empurrar Portas para fora de Aveiro? Pinto Moreira recusa essa leitura. “Não estamos a empurrar ninguém”, responde, assegurando que a concelhia espinhense “apoia a estratégia delineada pelo partido e pelo seu parceiro de coligação de comungarem do mesmo espaço eleitoral”.

Ulisses Pereira, presidente da Distrital do PSD, não abre o jogo e assegura que o assunto “não foi alvo de qualquer debate” seja em termos distritais, seja nacionais. “É uma matéria que não está em discussão, é um processo que está completamente em aberto”, refere ao PÚBLICO, salientando que a última palavra pertence aos órgãos nacionais. “Não faz sentido avançar com caminhos que possam ser revertidos”, diz.

Também para a Distrital de Aveiro do CDS-PP é prematuro abordar a questão. “Ainda é muito cedo, um mês em política é uma eternidade”, adianta Jorge Pato, presidente da estrutura partidária, que não comenta a vontade da Concelhia de Espinho em querer Montenegro em primeiro lugar. “A seu tempo o partido decidirá, mas a vontade do Dr. Paulo Portas é suprema e tem muito peso”. Já Raul Almeida, eleito deputado do CDS-PP pelo círculo de Aveiro e primeiro vice-presidente da Distrital de Aveiro, comenta a postura da Concelhia do PSD. “Não percebo a atitude nem o alcance, se for uma tentativa de condicionar o Dr. Passos Coelho e o Dr. Paulo Portas não contem comigo para isso”, afirma ao PÚBLICO.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários