Personalidades da área do PSD à procura de uma estratégia alternativa para o país

Plataforma de debate sobre Portugal e o seu futuro próximo é anunciada esta quarta-feira, no Porto. Para muitos, é uma estratégia em torno de Rui Rio.

Foto
Rui Rio

Um grupo de personalidades da área social-democrata lança esta quarta-feira, no Porto, um movimento cujo objectivo passa por “encontrar uma estratégia alternativa para Portugal, capaz de unir diferentes sensibilidades”. Para algumas personalidades do PSD, é uma estratégia em torno de Rui Rio, tendo como horizonte uma eventual mudança de Governo ou as próximas eleições presidenciais.

A plataforma Uma Agenda para Portugal, assim se denomina o movimento, junta diversas personalidades da área do PSD de todo o país “que desempenham ou desempenharam funções relevantes no país”. Para já, o grupo é coordenado por Rui Nunes, que presidiu à Entidade Reguladora da Saúde, e António Tavares, presidente da Santa Casa da Misericórdia do Porto.

O lançamento desta plataforma “de debate sobre Portugal e o seu futuro próximo” perspectiva-se, na opinião de algumas personalidades do PSD ouvidas pelo PÚBLICO, como uma estratégia em torno de Rui Rio, tendo como horizonte uma eventual mudança de Governo ou mesmo as próximas eleições presidenciais de 2016.

“Desde o início do Verão que tenho tido muitos contactos com diversos sectores do partido, e mesmo através do Facebook, e sinto que há um certo sebastianismo à volta de Rui Rio. Pessoas que estão desiludidas com o actual rumo das coisas”, confidenciou ao PÚBLICO António Capucho, o antigo secretário-geral do PSD.

Embora Rui Nunes afirme que a plataforma “não tem objectivos políticos imediatos – não queremos contestar ninguém, queremos um modelo de cidadania responsável”, há quem veja esta iniciativa como uma rampa de lançamento para Rui Rio.

É o caso de uma destacada personalidade do PSD, que optou pelo anonimato, e que olha para este movimento como uma espécie de “rodagem de Rio rumo a cargos de maior responsabilidade no país”, num paralelo com o que aconteceu com Cavaco Silva no célebre congresso da Figueira da Foz onde assumiu a liderança do PSD”. “Rui Rio está a tratar da rodagem. Pode ainda não ter comprado o carro, mas já está a pensar na rodagem”, vinca a mesma fonte, que prefere apontar para o longo prazo e a meta presidencial, mais que para uma eventual próxima mudança no Governo ou na liderança do partido.

Em declarações ao PÚBLICO, o coordenador da plataforma e também professor da Faculdade de Medicina do Porto, diz que não pretende “centrar a discussão à volta de algumas pessoas”, mas não poupa nos elogios ao ex-presidente da Câmara do Porto. “Rui Rio é uma pessoa que nós prezamos, porque é um referencial de cidadania, e que gostaríamos que amanhã assumisse uma posição de grande relevo nacional, porque há um vazio grande que tem de ser ocupado por pessoas respeitadas pela sociedade”, sublinha.

Quanto ao movimento de cidadania, Rui Nunes assume que “vai ser imparável em todo o país”, porque, frisa, “é preciso redefinir os pilares do nosso sistema político e do nosso sistema democrático”. “É preciso alargar o debate a toda a sociedade portuguesa”, conclui Rui Nunes, avisando que o “modelo do Estado social, que é uma conquista civilizacional, não pode ser destruído”.

A plataforma Uma Agenda para Portugal tem já marcada a sua primeira conferência para a próxima terça-feira em Lisboa. Como oradores convidados vão estar Rui Rio e Pacheco Pereira, entre outros.

Ambos estarão também juntos esta quarta-feira, no Porto, na sessão de encerramento das comemorações dos 40 anos do semanário Expresso. O presidente do grupo Impresa, Francisco Pinto Balsemão, dono daquele jornal, abre a sessão, após o que se seguirá um debate sobre O jornalismo (que temos) é útil à democracia?

Azeredo Lopes, chefe de gabinete do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, vai moderar o debate, no qual participam Pacheco Pereira, Rui Rio, Henrique Monteiro e Miguel Sousa Tavares. O ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, encerra a sessão, marcada para a Casa da Música.
 
 

Sugerir correcção
Comentar