Passos diz que “muitos eleitores não se reconciliaram” com PSD/CDS

Coligação PSD/CDS insiste em colar o PS de António Costa a "radicalismo".

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Fotos Miguel Manso
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O discurso do jantar-comício de Passos Coelho, em Penafiel, foi dirigido aos que estão desiludidos com o Governo PSD/CDS e serviu para voltar a colar o PS de António Costa ao "radicalismo" da esquerda. Depois de um dia de campanha marcado pelos protestos dos lesados do BES, nem Passos Coelho nem Paulo Portas disseram uma palavra sobre o assunto.

Perante mais de 3500 pessoas, Passos começou por sublinhar que gostaria que a “oposição tivesse um pouco mais de pudor” em explorar os bons resultados económicos, já que isso significa que os portugueses fizeram sacrifícios. Mas reconheceu: “Muitos ainda não se reconciliaram inteiramente connosco”.

Dirigindo-se a esses eleitores “de forma particular”, o ainda primeiro-ministro lembrou que “muitas expectativas e compromissos tiveram que aguardar” pela saída da bancarrota. “Mas agora vemos o país a engrenar em crescimento”, rematou, antecipando um cenário menos gravoso para os próximos anos: “Não precisamos de contrair salários, não teremos de pedir aos nossos jovens mais paciência para a economia a crescer”.

Depois de à hora de almoço ter afirmado que o líder do Syriza teve que pôr de lado o radicalismo no seu partido para ganhar eleições, o líder da coligação voltou a apontar o exemplo grego para sustentar a inevitabilidade de fazer sacrifícios. “Até aqueles que tinham uma perspectiva mais radical e que nunca aceitariam nenhum resgate até esses quando ganharam as eleições na Grécia perceberam que ou punham o radicalismo de lado ou então era o país que o punha de lado”, afirmou.

Na intervenção, Passos Coelho recuperou uma das linhas de argumentação usadas nos últimos anos ao fazer uma demarcação entre a posição “responsável” da coligação e a do PS. Enquanto foi líder da oposição deixou passar propostas de Orçamento do Estado. “Nunca pusemos em causa a viabilização do OE ou pedimos a votação de um programa de Governo para o deitar abaixo”, afirmou, num recado para António Costa que anunciou o chumbo de um Orçamento da coligação, caso não vença as eleições. “Agora que estamos no Governo e que nos propomos renovar maioria no parlamento podemos dizer aos portugueses que comparem”, disse.   

O “radicalismo do PS” foi também a ideia forte do discurso de José Pedro Aguiar Branco, cabeça de lista da coligação pelo Porto. O ainda ministro da Defesa pediu uma “maioria estável para a coligação”. Já o ministro da Segurança Social Pedro Mota Soares, o número três da lista indicado pelo CDS, apelou a uma “maioria sólida”.
 
Portas acusa PS de querer cortar nas cantinas sociais
Para aquecer a sala, antes de Passos Coelho, Paulo Portas escolheu mais uma vez as poupanças de 1020 milhões de euros previstas no programa do PS na área social. E apontou o dedo a Mário Centeno, o coordenador do programa económico dos socialistas, aquele que “dizem que seria o ministro das Finanças se o PS ganhasse as eleições”

O alvo é uma declaração no jornal Oje, na edição de sexta-feira, em que o economista explica como se conseguem as poupanças que a coligação considera ainda não estarem explicadas.

“O PS há mais de uma semana que não consegue explicar como vai cortar 1020 milhões. Primeiro era nas pensões mais baixas, depois na acção social, e depois era o subsídio social desemprego”, enumerou. Segundo Portas, Mário Centeno disse quer cortar “no apoio do estado às cantinas sociais”.

“Onde chega a insensibilidade ou então a impreparação. Nas cantinas sociais almoçam ou jantam os mais pobres entre os pobres e não é aí que está o problema orçamental”, afirmou. Segundo Portas, o Estado gasta “e bem” "apenas 4% dos 1020 milhões que eles querem cortar”. E rematou: “Nunca pensei ver no PS ideias tão estranhas como esta que acabei de relatar”.

Lesados do BES obrigam Passos e Portas a mudar local de discurso

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