Líderes das distritais do Porto e Guarda estão disponíveis para colaborar com Costa

José Luís Carneiro preferia que António José Seguro tivesse vencido as primárias, mas vai colaborar com o futuro secretário-geral do partido. Presidente da distrital da Guarda promete ter a “proximidade que for necessária”.

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José Luís Carneiro Rui Farinha

O líder da distrital do PS-Porto e presidente da Câmara de Baião não esconde que gostaria que tivesse sido António José Seguro a vencer as recentes eleições primárias, mas, virada a página do combate interno, José Luís Carneiro mostra-se disponível para colaborar com António Costa, que será o próximo secretário-geral do partido, e com todos os socialistas.

“Fiquei surpreendido, porque tinha a expectativa de que ganharíamos. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que António José Seguro vencesse as eleições, mas, a partir do momento em que as primárias são abertas a simpatizantes, há um grau de imprevisibilidade”, afirma José Luís Carneiro, que se envolveu desde a primeira hora na candidatura de Seguro.

O distrito do Porto era um dos mais difíceis para António Costa, pelo que havia uma enorme expectativa sobre quem seria aqui o vencedor. No entanto, na hora de contar os votos, militantes e simpatizantes deram a vitória a António Costa. O futuro líder socialista teve 20.163 votos (52,55%), Seguro arrecadou 17.930 sufrágios (46,73%), num universo de 58.528 eleitores inscritos. No total, votaram 38.371 pessoas (65,56%) na área da Fderação do Porto do PS.

Ainda desolado pela derrota, José Luís Carneiro reconhece, no entanto, que os resultados das eleições expressam “uma vontade de mudança”, que “resulta muito” da exposição pública de António Costa na comunicação social e do “sentimento” de que este teria melhores condições para fazer oposição ao actual Governo. E, do seu ponto de vista, “este sentimento ter-se-á sobreposto à ideia de injustiça que existia em relação a António José Seguro, o primeiro secretário-geral que não concorreria às legislativas” na história do partido.

Na intervenção que fez no domingo à noite após serem conhecidos os resultados, o líder do PS-Porto agradeceu “todo o esforço desenvolvido pelo secretária-geral, António José Seguro, para credibilizar a vida política nacional e para construir, com os portugueses, um projecto político de desenvolvimento social e económico na Europa e para Portugal". "Por todo o seu trabalho, apoio e cooperação com o distrito do Porto e da nossa região, o nosso agradecimento!”

Carneiro não esqueceu de felicitar o próximo líder do partido por ter conquistado a confiança da maioria daqueles que expressaram a sua vontade nas urnas. “A vontade desta maioria foi expressa de modo livre e responsável. Pode o dr. António Costa contar com o trabalho do distrito do Porto para afirmar uma alternativa ao Governo mais radical e centralista de que há memória e com uma agenda de empobrecimento que, rapidamente, tem que ser derrotada”, disse.

Mas António Costa vai também passar a poder contar com a colaboração da distrital da Guarda, liderada por José Albano Marques. Nas eleições primárias, o único distrito que escapou a Costa foi o da Guarda que votou em peso em Seguro.

“Iremos ter a proximidade que for necessária e vamos pautar-nos por esse tipo de relacionamento que acho que será profícuo”, declarou o dirigente distrital, que admite que Seguro só ganhou na Guarda, porque “a mensagem foi muito bem passada”. “Desde a primeira hora que sabíamos que daríamos uma vitória a António José Seguro. Da nossa parte houve sempre lealdade e solidariedade para com o secretário-geral”, afirmou José Albano Marques, referindo que o líder demissionário não ganhou no Porto, porque o “Porto não fez o trabalho de casa” Mas disse mais: “Cada um envolveu-se à sua maneira, uns por convicção e outros possivelmente não deram tanta importância a este acto eleitoral”.

Sobre a enorme afluência registada em Foz Côa e Celorico (pequenas concelhias onde Seguro esmagou, com sete e oito vezes mais votos do que Costa, e onde votaram muito mais pessoas do que na própria capital de distrito), José Albano Marques explica que naquelas duas secções “a militância é muito activa". "São das maiores concelhias do PS a nível do distrito”, reforça.

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