Estudantes indignados por a Faculdade de Direito de Coimbra recusar sala para debate político

O director terá recusado que a faculdade se tornasse palco de "um debate ideológico", no caso entre Pedro Mexia e Rui Tavares, mas a iniciativa continua marcada para esta quarta-feira, no departamento de Matemática.

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Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Nelson Garrido

O presidente do Núcleo de Estudantes de Direito da Universidade de Coimbra, Alexandre Amado, disse-se esta segunda-feira “surpreendido e indignado” com a direcção da respectiva faculdade, que, segundo afirma, recusou ceder um espaço para uma iniciativa promovida pelos alunos, alegando que “aquele não é um palco para debates ideológicos”.

O pedido para a cedência de uma sala para uma “conversa” entre Pedro Mexia e Rui Tavares, às 17h00 desta quarta-feira, em torno do tema "A esquerda, a direita, o agora: haverá espaço para as ideologias no mundo actual?” seguiu por e-mail para a direcção da faculdade, "há cerca de semana e meia". “Na própria noite recebemos a resposta – uma recusa, com o argumento de que tradicionalmente a faculdade não é utilizada para debates políticos”, relata Alexandre Amado. Em declarações ao PÚBLICO, comentou que ele próprio e outros elementos da direcção do núcleo de estudantes ficaram “tão surpreendidos” que julgaram que “tinha havido algum mal-entendido”.

Convencidos disso mesmo, justifica, ainda se deslocaram à faculdade, no dia seguinte, para falar pessoalmente com representantes da direcção. A resposta, negativa, viria a ser confirmada na terça-feira passada.

Os estudantes pediram, então, um espaço à direcção da Faculdade de Ciências e Tecnologia, “que, como faria qualquer outra direcção das restantes faculdades da Universidade de Coimbra, cedeu uma sala”, frisa Amado, que sublinha que "a abertura é normal”. “O que é inacreditável e inacreditável é a atitude da direcção da Faculdade de Direito, em pleno século XXI. E nem sequer é verdade que ali não se realizem eventos de carácter político e até envolvendo representantes partidários – eu próprio já participei em vários”, disse.

Em declarações à Lusa, António Santos Justo, director da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, afirmou que aquela "é uma casa com liberdade para cada um afirmar os seus credos religiosos e políticos, mas não pode ser um palco” para “debates ideológicos”. Explicou que, com aquela posição, a direcção pretende que a faculdade se assuma como "um espaço neutro" e com "isenção partidária". com Lusa

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