Encontro entre Passos e Seguro serve para “combinar dose de austeridade”, diz BE

Cavaco Silva cumpre esta segunda-feira uma ronda de audições aos partidos para, de seguida, convocar formalmente as eleições europeias para 25 de Maio. PEV, Bloco e PCP estiveram em Belém de manhã.

Coordenadores e eurodeputada do BE recebidos por Cavaco Silva
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Coordenadores e eurodeputada do BE recebidos por Cavaco Silva Daniel Rocha
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PCP recebido pelo Presidente da República Daniel Rocha
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Jerónimo de Sousa dirige-se aos jornalistas Daniel Rocha
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Comitiva comunista à saída do Palácio de Belém Daniel Rocha

António José Seguro continua a olhar “mais para a direita do que para a esquerda” e o encontro que manterá esta segunda-feira com o primeiro-ministro servirá apenas para “combinar a dose de austeridade” que se preparam para administrar aos portugueses no pós-troika. A conclusão foi tirada esta segunda-feira pelo líder do BE, João Semedo, depois de um encontro com Cavaco Silva, no Palácio de Belém, em Lisboa.

O Presidente da República cumpre esta segunda-feira uma ronda de audições aos partidos para, de seguida, convocar formalmente as eleições europeias para 25 de Maio. Mas não foi alheio aos encontros que manteve durante a manhã o tema da reunião de trabalho marcada para esta segunda-feira ao final da tarde entre Passos Coelho e António José Seguro com o objectivo de debater a "estratégia pós-troika".

O convite de Passos Coelho a Seguro foi anunciado este domingo depois de divulgada uma carta do primeiro-ministro endereçada ao líder socialista, datada de 14 de Março. O encontro foi acordo no mesmo dia através de contactos entre os respectivos chefes de gabinete.

Semedo, acompanhado da também coordenadora Catarina Martins e da eurodeputada Marisa Matias, afirmou que “seja em que versão vier” o pós-troika condena o país e prometeu uma campanha eleitoral para rejeitar as políticas de austeridade e defender um referendo ao Tratado Orçamental.

"António José Seguro continua a olhar mais para a direita do que para a esquerda e isso condenará o país a mais anos de austeridade absolutamente inúteis, porque a dívida continuará a crescer", comentou o coordenador do Bloco. O encontro, disse, servirá apenas para "combinar a dose de austeridade" que se preparam para servir aos portugueses após o final do programa de assistência económico-financeira, em Maio.

A abstenção, disse ainda o coordenador do Bloco, é outra das principais preocupações do partido para estas europeias, já manifestada também pela delegação do PEV, que foi o primeiro partido a ser recebido esta manhã em Belém.

Seguro "em cima do muro"
Depois do Bloco, o Presidente recebeu uma delegação do PCP chefiada pelo secretário-geral do partido. À saída, Jerónimo disse não ter expectactiva de que saia do encontro entre Passos e Seguro uma "clarificação" da posição dos socialistas. O comunista considera que Passos Coelho pretende "amarrar" o PS às orientações da troika e, por outro lado, Seguro continua "em cima do muro".

"Não esperamos que haja essa clarificação", reforçou Jerónimo de Sousa.

Sobre as eleições europeias, Jerónimo frisou a "disposição e determinação" do PCP para, a partir dos temas nacionais, realizar uma campanha "esclarecedora e mobilizadora". A Cavaco Silva, o secretário-geral do PCP terá ainda manifestado preocupação sobre que "União Europeia está a ser construída, a favor de quem, contra quem, com que condições para o crescimento económico".

"Esta União Europeia cada vez mais neoliberal, militarista e federalista... Esta União Europeia não é uma União Europeia amiga de Portugal, pelo contrário", avaliou.

Também a dirigente ecologista Manuela Cunha sublinhou que os Verdes não têm grande expectativa para o encontro que decorrerá esta tarde entre entre o primeiro-ministro e o líder do PS. “Renegociar a dívida e pôr de vez de parte o memorando, não cremos que isso vá estar em cima da mesa. Cremos que se houver um entendimento não irá ao encontro dos interesses dos portugueses”, disse Manuela Cunha.

No encontro com o PEV, o Presidente da República terá manifestado preocupação que durante a campanha eleitoral que se avizinha sejam debatidas as matérias europeias. “Cada vez mais se debate em Bruxelas o que acontece no nosso país”, disse a dirigente do PEV.

O PEV, que concorre às europeias em coligação com o PCP, manifestou ainda a intenção de pedir um “voto de descontentamento” nas europeias com o objectivo de combater a abstenção.
 

   





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