Dezenas de boinas “vermelho-magenta” no adeus ao “homem de acção” Jaime Neves

Foto
Centenas de pessoas prestaram homenagem ao falecido Jaime Neves Carlos Lopes (arquivo)

Entre as centenas de pessoas que prestaram hoje homenagem ao falecido major-general Jaime Neves destacaram-se dezenas de boinas “vermelho-magenta” de antigos combatentes e militares dos Comandos, na capela da Academia Militar, no Paço da Rainha, em Lisboa.

“Foi um combatente extraordinário. Não em insubordinação ao Estado, mas por identificação com aquilo que é o sentimento nacional, a nossa unidade distintiva enquanto povo, feita de cultura, de passado, de presente. Quando concluiu que a continuação política da guerra era um erro crasso, rebela-se contra o regime e tem uma participação activa no 25 de Abril e uma participação excepcionalmente activa no 25 de Novembro”, descreveu o antigo Presidente da República, general Ramalho Eanes.

Num espaço que foi pequeno para tantas pessoas, aglomeraram-se muitas figuras das Forças Armadas e do Estado, assim como populares e até funcionários da empresa de segurança privada 2045, fundada por Jaime Neves e o capitão-comando Sousa Gonçalves em 1990, também envergando as características boinas.

“Ele era um homem de esperança e de acção. Imagino que deva ter partido com essa esperança e com alguma angústia também. Morreu um homem a quem devemos, todos nós, muito”, concluiu, emocionado, Ramalho Eanes.

No 25 de Novembro de 1975, Jaime Neves, cuja biografia tem o título de “Homem de Guerra e Boémio”, liderava o Regimento de Comandos da Amadora, uma das unidades militares que se insurgiu contra a denominada Esquerda militar radical e levou à conclusão do Processo Revolucionário Em Curso (PREC).

Neves, natural de Vila Real e colega de Eanes, Melo Antunes, Loureiro dos Santos e Almeida Bruno na Escola do Exército, morreu domingo, com 76 anos, depois de cinco missões de serviço em África e na Índia, merecendo a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor, Lealdade e Mérito, em 1995, pelo então Presidente da República, Mário Soares.

Após a cerimónia, conduzida pelo bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, o corpo de Jaime Neves seguiu para o cemitério do Alto de São João, para ser cremado.
 
 

Sugerir correcção
Comentar