Declarações de Pedro Nuno Santos sobre a dívida foram "infelizes", diz Marques Guedes

O secretário de Estado da Presidência, Luís Marques Guedes, considerou hoje que as declarações do deputado do PS Pedro Nuno Santos sobre o não pagamento da dívida portuguesa foram " infelizes", mas assinalou que "já foram corrigidas".

Em resposta aos jornalistas, na conferência de imprensa sobre as conclusões do Conselho de Ministros, Marques Guedes referiu que as declarações de Pedro Nuno Santos não foram "abordadas" na reunião de hoje do Governo, acrescentando: "Eu, pessoalmente, diria apenas que foram declarações infelizes, mas, tanto quanto sei, até já foram corrigidas."

Marques Guedes ressalvou, contudo, que não tinha lido a notícia completa da suposta "correcção" feita hoje pelo deputado e vice-presidente da bancada do PS das suas próprias palavras, escusando-se por isso a fazer mais comentários sobre este assunto.

No sábado passado, num jantar de Natal do PS em Castelo de Paiva, Pedro Nuno Santos defendeu que Portugal poderia ameaçar não pagar a sua dívida: “Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos.”

“Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos”, disse também Pedro Nuno Santos na altura. “Se não pagarmos a dívida e se lhes dissermos as pernas dos banqueiros alemães até tremem”, concluiu no jantar o socialista, defendendo que o Governo deve ignorar as exigências dos credores internacionais para poupar os portugueses aos sacrifícios da austeridade

Hoje, Pedro Nuno Santos afirmou à agência Lusa que estas declarações captadas por uma rádio local correspondedm a "alguns segundos de uma intervenção muito longa" feita "num registo mais popular e informal" e negou ter feito "a apologia do não pagamento da dívida".

Ao PÚBLICO, o deputado, que é também presidente da federação do PS de Aveiro, disse que o seu discurso não foi feito no sentido de Portugal não cumprir o acordo: “Nunca disse que a dívida não deve ser paga. Mas a dívida é a nossa única arma para podermos impor condições mais favoráveis, pois a recessão é o primeiro passo para nos impedir de cumprir o acordo”.

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