Costa quer eleições para o Departamento das Mulheres Socialistas

Proposta de alteração estatutária aprovada no congresso de Lisboa será discutida pela Comissão Nacional, que ficou mandatada para rever “todo” o artigo relativo ao DNMS.

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Miguel Manso

A presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), Isabel Coutinho, que tem sido alvo de contestação interna pelo facto de não se ter demitido do cargo na sequência do apoio que deu aAntónio José Seguro durante a campanha das primárias, pode não cumprir o mandato até ao fim.

O PÚBLICO apurou que o secretário-geral do PS, António Costa, quer que ocorram eleições para o DNMS e Março é o mês apontado para as mulheres socialistas irem a votos.

Isabel Coutinho, que invoca a “inequívoca legitimidade” para se manter à frente do DNMS até depois das eleições legislativas, conforme disse ao PÚBLICO, é uma das poucas pessoas com assento (por inerência) no Secretariado Nacional do PS - o órgão restrito da direcção do partido - que apoiaram António José Seguro.

A polémica no DNMS ficou de fora do congresso de Lisboa, como Costa pedira, mas foi aprovada uma proposta de alteração estatutária que mandata a Comissão Nacional para rever “todo” o artigo relativo ao departamento. O que se pretende “é criar uma estrutura mais ligeira virada para as questões da igualdade e que seja um órgão de consulta do PS”, disse ao PÚBLICO fonte socialista.

O apoio de Isabel Coutinho a Seguro levou à demissão de 16 mulheres da sua comissão política. As demissões surgiram depois de 32 mulheres terem enviado uma carta à presidente do DNMS, em Outubro passado. "Na sequência do processo das eleições primárias de Setembro para a escolha do candidato do PS a primeiro-ministro, ficou claro que a presidente do DNMS [Departamento Nacional das Mulheres Socialistas] assumiu uma posição de facção, tendo deixado de ter legitimidade política para o exercício do cargo que visa representar todas as socialistas", lia-se na missiva.

Em declarações este fim-de-semana ao PÚBLICO, Isabel Coutinho diz que não se demite e que se sente "confortável" no cargo que ocupa e devolve a pergunta: “Por que é que as pessoas que apoiaram António José Seguro e que desempenham cargos importantes, como é o caso dos presidentes das federações, não se demitem?”

Envolta em polémica está também a escolha de Isabel Coutinho para vereadora a tempo inteiro na Câmara de Cabeceiras de Basto. O executivo aprovou sexta-feira uma proposta na qual o presidente da câmara, Serafim China Pereira, (PS), justifica o aumento do número de vereadores a tempo inteiro de um para dois. O PS local já se manifestou contra a nomeação, acusando a maioria socialista da câmara de “falta de palavra” e de “violar um compromisso assumido com o partido e com os eleitores”.

Até agora, a presidente do DNMS desempenhou funções de vereadora da Educação, Cultura e Toponímia sem tempo atribuído, função que acumula com a de assessora do grupo parlamentar do PS, um lugar de nomeação política, que terá de abandonar em breve.

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