Continuação de Pires de Lima no Conselho Nacional nas mãos de Portas

O actual presidente do Conselho Nacional assumiu a vontade de deixar o cargo, mas fez uma declaração ambígua ao congresso.

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A continuidade de Pires de Lima é um ponto-chave nas mudanças internas Paulo Pimenta

António Pires de Lima pediu para sair de presidente do Conselho Nacional do CDS e chegou a assumir essa vontade no palco do Congresso, numa declaração ambígua, mas em que falou em jeito de despedida.

A saída de Pires de Lima da presidência do conselho nacional dependeria porém de Paulo Portas aceitar ou não que tal acontecesse. O PÚBLICO sabe que Pires de Lima nunca sairia em ruptura com o seu correligionário e amigo pessoal. E à hora do fecho desta edição ainda não havia certezas sobre o desfecho que Portas encontraria para esta questão.

Uma hipótese forte para a sucessão de Pires de Lima era António Lobo Xavier, dirigente do CDS já histórico, que nos anos 80 do século XX integrou o Grupo de Ofir de Francisco Lucas Pires e na década de 90 se aproximou da direcção de Manuel Monteiro. Lobo Xavier esteve no Pavilhão do Congresso, mas não interveio na sessão e saiu para jantar, sem aceitar a tarefa de liderar a partir deste congresso o conselho nacional.

De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, Lobo Xavier não se sentiu em condições de dizer sim a Paulo Portas, pois a ocupação de um cargo partidário poderia limitar a sua liberdade de opinião e de expressão.

No primeiro dia do congresso, uma hipótese colocada era a de que Telmo Correia viesse a substituir Pires de Lima no conselho nacional. Nesse sentido, foi interpretado o facto de Paulo Portas ter pedido a Telmo Correia para apresentar a sua moção aos delegados. Mas, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, o nome de Telmo era considerado como de pouco peso para ocupar o cargo que desde 2007 é ocupado por António Pires de Lima.

Se Paulo Portas conseguir convencer Pires de Lima a ficar mais um mandato à frente do Conselho Nacional, aborta a possibilidade de Luís Nobre Guedes avançar para a liderança do cargo pela lista do Movimento Alternativa e Responsabilidade.

O ex-vice-presidente do CDS disse que só estaria disponível para ser candidato caso Pires de Lima se mantivesse no cargo. Ao final da noite, já depois da acesa troca de acusações entre Filipe Anacoreta Correia e Nuno Melo, terá havido contactos no sentido de as propostas defendidas pela tendência de oposição a Portas serem assumidas pela direcção. Mas ao que o PÚBLICO apurou, a reunião terá sido inconclusiva, desconhecendo-se se haverá uma ronda com vista a um entendimento.

A direcção liderada por Paulo Portas mantinha um grande sigilo, mesmo durante a noite, sobre a escolha dos nomes para as listas candidatas aos órgãos do partido. Certo é que é preciso substituir na vice-presidência do partido José Manuel Rodrigues, líder do CDS-Madeira, que saiu em oposição ao Orçamento do Estado para 2013.

Como vice-presidentes deverão manter-se Assunção Cristas e Pedro Mota Soares, ambos ministros. É ainda esperado um novo nome para porta-voz do partido já que o actual, João Almeida, passou a integrar o Governo como secretário de Estado da Administração Interna. Um dos nomes em cima da mesa para este lugar é Filipe Lobo D´Ávila, que João Almeida foi substituir no Executivo. O dirigente centrista (é membro da comissão executiva) reassumiu esta semana o mandato de deputado, depois de ter abandonado o Governo no final do mês passado.

Paulo Portas terá ainda de jogar com uma das vice-presidências da bancada parlamentar, na sequência da saída de João Almeida. No grupo parlamentar, há outro nome forte para jogar nos xadrez partidário: Cecília Meireles, antiga secretária de Estado do Turismo, que reassumiu o lugar de deputada e que tem sido a voz do partido em questões essenciais como a financeira e orçamental.

São esperadas mais alterações. A direcção de Portas comprometeu-se a fazer alguma renovação, convidando quadros do partido para a comissão política. Prevista está também uma alteração aos estatutos que estabelece mais lugares na comissão política e no Conselho Nacional, o que vai permitir acomodar os novos membros. 
 

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