CDU e Bloco entre a renovação e o jogar pelo seguro

Livre escolherá os candidatos para as suas listas em primárias no próximo fim-de-semana e o PDR de Marinho e Pinto ainda precisa de eleger primeiro o seu conselho nacional.

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Jerónimo participou neste sábado num encontro da CDU em Lisboa Enric Vives-Rubio

Renovar mas com conta, peso e medida. Esta parece ser a máxima seguida tanto por comunistas como por bloquistas para as listas de candidatos, que vão compondo o puzzle consoante a popularidade que os deputados ganharam e as apostas comprovadamente falhadas em 2011.

O caso mais óbvio é o da bloquista Mariana Mortágua, que será cabeça de lista em Lisboa, onde o partido elegeu três deputados (incluindo Francisco Louçã) em 2011. O Bloco quer capitalizar o sucesso que Mariana granjeou na comissão de inquérito ao BES dando-lhe o primeiro lugar, e relega Pedro Filipe Soares, actual líder da bancada e que disputou a liderança do partido, para segundo. Em 2011 Soares foi eleito por Aveiro com os votos mínimos – há que evitar agora desilusões, como a que aconteceu há quatro anos em Coimbra com José Manuel Pureza ou em santarém com José Gusmão. No distrito da ria, é Moisés Ferreira, um militante local, que avança.

A renovação – que passa também por uma diminuição do poder da facção da UDP no partido – vai estender-se a Setúbal, com a subida da outra gémea Mortágua: Joana, que era a 7ª da lista, irá agora ocupar o lugar da histórica Mariana Aiveca. A actual porta-voz, Catarina Martins, encabeça a lista no Porto (onde há quatro anos secundou João Semedo), seguida por José Soeiro. Cecília Honório, que liderou Faro, cede o lugar ao activista contra as portagens João Vasconcelos. E a lisboeta Helena Pinto (que tal como Mariana Mortágua só está no Parlamento porque Louçã e Ana Drago renunciaram) também não deverá recandidatar-se.

O PCP decidiu anunciar faseadamente os seus cabeças de lista distritais. Jerónimo de Sousa, sem surpresa, lidera Lisboa, e Francisco Lopes mantém o lugar cativo de Setúbal. Carla Cruz, depois de ter substituído no Parlamento Agostinho Lopes, eleito por Braga, terá a responsabilidade de liderar a lista naquele distrito. A ecologista Manuela Cunha, relegada para Bragança em 2011, tentará reconquistar um lugar de deputado comunista por Portalegre. Estão já anunciados Aníbal Pires pelos Açores, Teresa Soares pela Europa e Helena Cunha repete pelo círculo fora da Europa.

É de esperar que a CDU mantenha as apostas já vencedoras em Évora com João Oliveira, líder parlamentar do PCP, e em Santarém com o histórico António Filipe. Com a saída de Honório Novo que desde 2009 era eleito pelo Porto, o seu número dois, Jorge Machado, poderá ficar com a liderança da lista. Os ecologistas Heloísa Apolónia e João Ferreira deverão manter os seus lugares em Setúbal (como faz desde há 24 anos) e Lisboa, respectivamente.

Apesar de Marinho e Pinto já ter afirmado que o Partido Democrático Republicano (PDR) irá candidatar-se em todos os distritos e de o eurodeputado preferir para si o círculo de Coimbra, só depois da eleição do conselho nacional, marcada para sábado, dia 20, se inicia o processo de constituição das listas eleitorais para as legislativas.

Primárias no Livre
Nunca aconteceu em Portugal. Pela primeira vez, a escolha dos candidatos para uma lista concorrente às legislativas, não é feita pela direcção de um partido, mas pelos cidadãos. As inscrições para votar nas primárias terminaram ontem e a escolha dos candidatos será a 20 e 21 de Junho. O ordenamento final resultará da ponderação desta votação, respeitando a paridade de género.

Há 385 candidatos a candidatos, entre os quais se contam José Manuel Tengarrinha (deputado na Constituinte), Fernando Sousa Marques (deputado do PCP entre 1976 e 1983), a actriz São José Lapa, o jornalista Jorge Wemans, o politólogo André Freire, o filho do candidato presidencial, André Sampaio da Nóvoa. E ainda a primeira estrangeira a concorrer a um lugar no Parlamento: a brasileira Geizy Fernandes. Ao PÚBLICO, explicou que uma das suas motivações é a atenção que o partido dá aos imigrantes e às minorias.

O líder do partido Rui Tavares ambiciona mais do que os 70 mil votos que o Livre teve nas europeias de 2014: “Queremos colocar a fasquia mais alto.” Esperam que haja uma “maioria contra a austeridade” que inclua PS, PCP e BE. Com N.R.

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