"Aleluia", exulta deputado do PSD

Deputada do BE Mariana Mortágua considera que detenção de Sóctrates mostra a podridão do regime.

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Duarte Marques congratulou-se com a detenção de Sócrates Daniel Rocha
Catarina Martins diz que o Bloco tem a "capacidade de ter ideias locais e de lutar por elas"
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Catarina Martins não quis comentar Enric-Vives Rubio

As lideranças do PSD e BE recusaram neste sábado comentar a detenção do ex-primeiro-ministro José Sócrates, afirmando que essa é uma investigação que cabe às autoridades judiciárias.

As reacções nos restantes partidos políticos à detenção de José Sócrates variaram entre a cautela e a exultação. Um conjunto de dirigentes políticos congratulou-se com a prisão do anterior primeiro-ministro. Exemplo disso foi a deputada do BE Mariana Mortágua, que resumiu o seu entendimento numa frase.  “É o regime, está a cair de podre. E já vem tarde”, escreveu no Facebook.

O deputado do PSD Duarte Marques reagiu da mesma forma. “Aleluia! A malta de Mação não perdoa”, comentou naquela rede social, numa referência ao facto de o juiz Carlos Alexandre ser natural daquela localidade. Mais tarde, Duarte Marques haveria de colocar uma notícia com três anos em que o próprio apelava à PGR para investigar Sócrates. “14.Outubro de 2011. Já lá vão três anos”, titulou.

Contactado pelo PÚBLICO, Duarte Marques lembrou que, quando Sócrates ainda era primeiro-ministro, defendeu o julgamento do então chefe do Governo “pela ruína em que deixou o país, por actos políticos danosos, por decisões que tomou e que enfraqueceram o Estado ou que foram ruinosas havendo consciência prévia disso”.

“Não pedi por estas razões [as que Sócrates está a ser investigado], que a serem provadas, poderão ser a confirmação dos actos danosos em que insistiu. Deixemos a justiça trabalhar em paz”, acrescentou.  

Ainda assim, outros dirigentes partidários assumiram uma posição mais cautelosa. Como Carlos Carreiras, vice-presidente do PSD: “Nem sei o que dizer. Não tenho narrativa.” Mas horas mais tarde tentava associar o nome de Sócrates ao processo de eleições internas do PS: “Será que o militante José Sócrates sairá a tempo de ir votar?”

O ex-primiero-ministro, Pedro Santana Lopes, lamentou as notícias. "É, obviamente, um dia triste para Portugal e para os portugueses", declarou à margem da Academia do Poder Local, referindo que nos últimos dias o país tem assistido a uma sucessão de factos que preocupam quanto à solidez da estrutura do Estado, a modo como o Estado funciona, como "representa, defende e garante". "Aqui, pelo que a Procuradoria-Geral da República divulgou, estarão em causa actos pessoais no exercício de funções públicas, ou não, isso agora cabe à justiça tratar, mas eu penso que nos sentimos todos, naturalmente, eu diria, acabrunhados, tristes, é a melhor palavra, por aquilo que está a acontecer em Portugal".


O também "vice" de Passos Coelho Marco António Costa escusou-se a comentar: “O PSD não faz comentários sobre matérias de justiça. Isto não se trata de um tema político, portanto não merece nenhum comentário político do PSD.”

O líder do PCP falou também no espaço a dar à Justiça: “Em função da pessoa que é não alteramos a nossa posição de princípio, que é a de que deve haver o apuramento de toda a verdade, o funcionamento da investigação e da Justiça e não apressar julgamentos ou condenações. Consideramos que ninguém está cima da Lei, e é nesse sentido a exigência do apuramento”, declarou.

O CDS fez o mesmo. "O CDS mantém a sua doutrina de sempre: respeitamos a separação de poderes, consideramos que à justiça compete o trabalho da justiça e à política compete o trabalho da política", afirmou o vice-presidente do CDS-PP, Nuno Magalhães.


A posição da actual liderança do BE segiu o mesmo caminho. "À política o que é da política, à justiça o que é da justiça", declarou à Lusa a coordenadora do Bloco de Esquerda, à entrada para a 9.ª convenção do Bloco de Esquerda, em Lisboa. 

O ex-coordenador bloquista Francisco Louçã também recusou fazer juízos "precipitados" sobre a detenção do ex-primeiro-ministro, defendendo que o sistema judiciário precisa de mais meios para combater a corrupção ou o branqueamento de capitais.

"Fiquei certamente surpreendido mas não tenho nenhum elemento que me permita neste momento formular uma opinião, é certamente um caso muito grave, sobre o seu fundamento não faço a mínima ideia, terá certamente uma grande influência no país, porque há hoje um estado de incerteza de atitude normal nestas circunstâncias", afirmou Louçã.

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