Bloco recusa dar a mão a Seguro e ajudá-lo a governar

Partido admite enviar para o TC alteração dos critérios para despedir e pede compromisso de toda a oposição

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Coordenadores bloquistas pedem um "compromisso de toda a oposição" para combater decisões do Governo. Manuel Roberto

Foi só no segundo dia da II conferência nacional do BE que houve referência aos apelos para a convergência à esquerda que têm ecoado nos últimos meses. Este domingo João Semedo subiu ao palco do auditório da Faculdade de Ciências, em Lisboa, para desfazer as ilusões de que o BE pudesse inflectir caminho, “dar a mão a António José Seguro” e ajudar o PS a governar.

Numa breve intervenção, anterior ao discurso de encerramento da também coordenadora Catarina Martins, o coordenador do BE analisou os pedidos de convergência à esquerda para as eleições europeias, acusando-os de terem uma “natureza instrumental”.

“Como os próprios proponentes disseram não era tanto o resultado das europeias que estava em jogo mas as legislativas, a constituição do Governo” em 2015, disse. A recusa do BE, acrescentou, é uma questão de "coerência e identidade". O Bloco de Esquerda vai sozinho a votos com Marisa Matias a encabeçar a lista às europeias.

Semedo questionou a possibilidade de alianças com o PS quando os socialistas liderados por António José Seguro foram os primeiros a ratificar o Tratado Orçamental, que o BE propõe referendar. ”Não podemos recusar o Tratado Orçamental e ao mesmo tempo dar a mão a António José Seguro”, explicou aos militantes. Depois, também Catarina Martins disparou contra o Tratado Orçamental, que não é mais do que “a troika permanente e a austeridade permanente”.

No entanto, disse João Semedo, o Bloco  nunca virou costas a iniciativas para ampliar o campo à esquerda do PS. Deixou como exemplos os contributos do BE para o Congresso Democrático das Alternativas, para as duas reuniões na Aula Magna propostas por Mário Soares ou para as duas vezes em que saiu à rua “um milhão” de portugueses.

Já depois destas afirmações de Semedo, a também líder Catarina Martins não estendeu a mão ao PS, mas pediu um “compromisso de toda a oposição” para contrariar as alterações aos critérios aprovados no último Conselho de Ministros. E, em última instância, avançar para o Tribunal Constitucional para travar esta legislação.

“Acabar com a justa causa e com a progressão salarial na carreira” são os dois objectivos deste Governo. As alterações ao código laboral representam “precariedade e salários asiáticos bem no centro da zona euro” e têm de ser combatidas, concluiu Catarina Martins.

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