Associações de militares criticam declarações de ministro sobre reestruturação

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Primeiro-ministro fez-se representar por Aguiar-Branco Foto: Daniel Rocha

As associações de militares criticam as declarações do ministro da Defesa sobre uma nova reestruturação nas Forças Armadas.

 “O senhor ministro, à semelhança do que acontece noutras áreas, apresenta uma reestruturação quando, na prática, se pretende reduzir 218 milhões na propalada reforma do Estado”, disse ao PÚBLICO Manuel Pereira Cracel, da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). Na quinta-feira, à TVI, José Pedro Aguiar-Branco admitiu uma redução de 218 milhões de euros a partir de 2014 e, ainda este ano, cortes de mais de 40 milhões. “O senhor ministro está a fazer a casa pelo telhado”, prosseguiu Pereira Cracel.

Em causa está a definição do conceito estratégico de defesa nacional, em análise pelo Parlamento, a que se segue a apresentação do conceito estratégico militar, a cargo das chefias, e, finalmente, a atribuição de meios, dispositivos e sistemas de forças. “Só então podemos estar em condições de seriamente falar em alterações”, concluiu o dirigente da AOFA.

Também Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos, foi crítico com as declarações de Aguiar-Branco. “Não conhecemos nenhum documento. Esta é nitidamente uma posição para troika ver. O ministro quer mostrar números redondos, o trabalho de casa feito”, disse ao PÚBLICO. “As Forças Armadas não são um banco, uma PPP [parceria público-privada] ou uma entidade com fins lucrativos. Servimos Portugal; não nos servimos de Portugal”, concluiu Lima Coelho. 

Na entrevista de quinta-feira, interrogado sobre o corte de 8000 efectivos nas Forças Armadas, passando dos actuais 38.000 para os 30.000, Aguiar-Branco disse que “esta situação é fruto de um trabalho que [está a ser desenvolvido] com as chefias baseado em estudos feitos por entidades tão credíveis como o IDF [Instituto de Defesa Nacional] e também com o histórico dos últimos 20 anos das Forças Armadas”. O ministro da Defesa garantiu que a reforma vai ser feita “de forma serena e de forma a ser exequível do ponto de vista operacional”.

Recorda-se que, em 5 de Fevereiro, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas disse à Lusa e à Antena 1 que gostaria de não ter de fazer mais cortes na instituição militar, advertindo que “há uma linha a partir da qual as Forças Armadas deixam de funcionar”. Na altura, o general Luís Araújo destacou que o orçamento de funcionamento das Forças Armadas baixou 23% desde 2009 e que “não há dinheiro a mais” na instituição militar.
 

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