Apoiantes de Costa não gostaram que se tivesse reunido com a distrital do PS-Porto

Três semanas depois de ter vencido as primárias, o candidato a primeiro-ministro do PS esteve no Porto numa reunião alargada com a distrital, na qual apelou ao regresso de Guilherme Pinto às fileira do partido.

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António Costa fotografado em Lisboa Nuno Ferreira Santos

António Costa reuniu-se esta terça-feira com a distrital do PS-Porto, liderada por José Luís Carneiro, um grande apoiante do ex-líder do partido, António José Seguro. Mas o encontro provocou algum desconforto junto de alguns apoiantes do futuro líder do partido que não encontram razões para Costa ter marcado uma reunião alargada com a distrital, dando assim a entender que as feridas a Norte ainda não estão saradas.

“Não há nenhuma razão para que esta reunião se tivesse realizado, porque António Costa não é secretário-geral do partido. Estas coisas têm que se fazer com calma”, disse ao PÚBLICO um apoiante da primeira hora do presidente da Câmara de Lisboa., lembrando que José Luís Carneiro esteve do outro lado a apoiar Seguro.

Outra fonte socialista relativiza o encontro com toda a estrutura federativa, resumindo o encontro a “sinais institucionais que ficam bem ao futuro líder do partido”. “As proclamações de António Costa a favor da unidade do partido não são meras figuras de retórica. Costa fará tudo para promover a unidade e a coesão do PS”, adiantou a mesma fonte, apelando para que se acabem com “os conflitos de capelinha no partido”.

Ao PÚBLICO, o também presidente da Câmara de Lisboa disse desconhecer esse desconforto e empenhou-se em dizer que agora “não há os nossos e os outros, agora somos todos um só partido”, dando assim um sinal de unidade. O futuro secretário-geral mostrou que sente o partido pacificado e unido à sua volta e acena com o “resultado foi muito claro e muito expressivo das recentes eleições primárias”.

O candidato socialista a primeiro-ministro elogiou, em declarações à Lusa, a "grande unidade" que se verificou durante as primárias na distrital do PS-Porto onde "até para o congresso federativo foi possível haver uma lista única". "Acho que não se trata de fazer reconciliação, só se reconcilia quem está zangado e eu acho que ninguém estava zangado entre nós, muito menos aqui no Porto”.

Com esta declaração o também presidente da Câmara de Lisboa respondia a Carneiro que, momentos antes, dissera ter chegado o momento da reconciliação "uns com os outros, depois de uma disputa eleitoral" como foram as primárias. O líder federativo reafirmou o “apoio” e a "lealdade" da federação a António Costa, a qual, disse, deve "participar activamente na construção de propostas para o futuro" do país”.

Na reunião, Costa manifestou vontade em ver regressar às fileiras do partido Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, que nas últimas eleições autárquicas saiu do PS para concorrer como independente, e disse que o facto de o Porto ser a maior federação do país “tem particulares responsabilidades” nesse regresso."Estamos em condições de acolher um autarca socialista que quer regressar às nossas fileiras", defendeu.

Contactado pelo PÚBLICO, Guilherme Pinto destacou a afinanidade que tem para com Costa, mas disse que esse momento aidna não chegou.“Toda a gente percebeu que entre o PS liderado por António Costa e mim há uma afinidade quase absoluta, mas também há o respeito pelas pessoas que apoiaram a minha candidatura à Câmara de Matosinhos”, disse, acrescentando: “Tudo farei para que António Costa seja primeiro-ministro de Portugal, outra coisa é regressar ao partido. Essa é uma matéria que irei ponderar no momento certo, mas fico muito satisfeito pela disponibilidade manifestada pelo PS”.

Na reunião, Costa apelou a uma ampla participação no próximo congresso socialista, a decorrer nos dias 29 e 30 de Novembro, onde irá apresentar o documento "Uma Agenda para a Década", e enalteceu a mobilização que existiu durante as eleições primárias. “Não foi pelo Costa ou contra o Costa, foi porque as pessoas estão ansiosas que haja uma alternativa ao actual governo e o que pedem ao PS é que cumpra a sua missão, disse.

 

 

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