Cartas à Directora

Ensino binário

A terceira República acabou com o ensino secundário binário, foi um erro  que estamos a tentar corrigir. Bolonha tentou acabar com a longa tradição europeia de ensino superior binário: no Reino Unido o sistema binário (Universities e Polytechnies) acabou em 1992 e agora o "estudo Delphi " prevê que retome o binário até 2025 e dá conta da necessidade de aumentar a supervisão governamental. Na Alemanha continuam as Universitaten e as Fachhochschulen. O estudo de St. Aubyn (2009) dá conta da baixa produtividade do nosso ensino superior, professores a mais, alunos a menos, baixa investigação qualificada.  O sistema binário (Universidades combinando ensino teórico e investigação (com a formação profissional maioritariamente pós-graduada) e Politécnicos para formação vocacional e técnica com componente profissionalizante, deve ser defendido das tentações de tábua rasa e retomada a longa tradição dos institutos industriais a comerciais, dos conservatórios e escolas de regentes agrícolas. É difícil criar uma tradição como a do gross proletariat mas é muito fácil acabar com ela. Na nossa história da educação o difícil foi pôr-nos a saber fazer bem e com brio.

J. Carvalho, Lisboa

 

“Democracia”?

Afirma São José Almeida, na sua crónica de 13 de Junho de 2015, que "é importante que a justiça aja de acordo com as regras do mundo de hoje e da sociedade democrática que Portugal é".

Uma rápida reflexão leva-me a perguntar-lhe: a roubalheira generalizada (e.g. Metro Mondego), o tráfico de influências (e.g. Vistos Gold), a corrupção (e.g. Face Oculta), os atropelos à Constituição da República (e.g. as desastrosas políticas de saúde e de educação, o infeliz acordo ortográfico), a promiscuidade entre política e negócios, e finanças, o clientelismo, o compadrio, a velha cunha, tudo isto, deverá ser considerado como efeito colateral dessa "democracia que Portugal é"?   

Só a liberdade de expressão e de sufrágio, por si sós, não chegam para fazer uma democracia.

António Lopes Ferreira, Quarteira


São flores, sr. polícia

Numa esquina da baixa de Algés há muitos anos que um idoso ao sábado de manhã vende flores. Flores do campo e muitas pessoas ali vão buscar um ramo para terem a casa florida. Neste último sábado pelo menos cinco polícias municipais estavam a preparar o levantamento das flores para um “camioneta” daquela polícia. Claro que são ordens superiores. A indignação dos que estavam a passar na Av. dos Combatentes era visível: retirar as flores? Há tantos anos que voltam ao sábado sem incomodar ninguém?

Uma camioneta para retirar flores há, mas reboques para levar carros que há anos estão abandonados nunca aparecem. Aqui não aconteceu o milagre das rosas! 

Clotilde Moreira, Algés

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