CGD: Maria Luís diz que António Costa "tenta desviar atenções da sua incompetência"

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Enric Vives-Rubio

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque disse desconhecer os pormenores do relatório crítico do Tribunal de Contas sobre a Caixa Geral de Depósitos divulgado nesta terça-feira, sublinhando que a instituição está sujeita ao escrutínio de várias entidades.

"Não entendo exatamente em que contexto é que, eventualmente, a Inspeção Geral de Finanças pudesse acrescentar transparência ou melhor controlo (sobre a CGD). Sendo uma entidade do setor financeiro, tem exigências muito superiores", disse a ex-ministra das Finanças, ressalvando que apenas soube da existência do relatório pelas notícias difundidas hoje de manhã.

Questionada pelos jornalistas, na sede do PSD, Maria Luís Albuquerque referiu que todas as atividades da Caixa foram sempre acompanhadas pelo Banco de Portugal, Banco Central Europeu, Mecanismo Único de Supervisão e Direção Geral da Concorrência.

O Tribunal de Contas acusou hoje o Ministério das Finanças de "falta de controlo" na Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2013 e 2015, salientando que o Estado aprovou documentos de prestação de contas sem ter a informação completa.

Maria Luís Albuquerque disse ainda não conhecer o documento do Tribunal de Contas, frisando que a Caixa Geral de Depósitos, "como aliás todos os bancos", estão sujeitos a um nível de escrutínio "muito mais completo, muito mais exigente e rigoroso" do que qualquer outra entidade do setor público empresarial.

A antiga ministra das Finanças e atual deputada do PSD referiu ainda que a aprovação das contas da CGD era feita com toda a informação "necessária".

Maria Luís Albuquerque respondia às questões dos jornalistas, na sede nacional do PSD, em Lisboa, após uma declaração em que criticou afirmações do primeiro-ministro, António Costa, na entrevista de segunda-feira à RTP.

A ex-ministra acusou ainda António Costa de incompetência sobre a Caixa Geral de Depósitos acrescentando que na entrevista à RTP o primeiro-ministro repetiu mentiras.

"Até agora só temos conversa. António Costa tenta desviar as atenções sobre a sua incompetência repetindo acusações falsas de uma forma irresponsável por, aparentemente, não perceber que, mais do que o anterior governo, atinge com acusações de comportamentos impróprios as entidades nacionais e europeias", disse Maria Luís Albuquerque.

Numa declaração aos jornalistas, na sede nacional do PSD, em Lisboa, Maria Luís Albuquerque reagia à entrevista do primeiro-ministro, segunda-feira, à RTP em que, acusou Costa de repetir mentiras, "certamente na convicção de que uma mentira repetida muitas vezes passa a ser verdade".

Para a ex-ministra do governo PSD/PP, na entrevista, António Costa voltou a dizer que o anterior Executivo (PSD/PP) ocultou a verdadeira situação do setor financeiro, incluindo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), para poder assegurar a saída limpa do Programa de Ajustamento.

"Ao fazer uma acusação desta gravidade - mesmo que falsa - António Costa não põe apenas em causa o anterior governo. Coloca uma mancha sobre a seriedade e competência da anterior administração da CGD", afirmou.

Maria Luís Albuquerque disse também que António Costa, além de ter colocado em causa os reguladores, - desde o Banco de Portugal, à CMVM e ao Banco Central Europeu -, comprometeu também os auditores "em quem diz agora depositar confiança" para apurar os montantes da próxima operação de recapitalização da CGD.

A ex-ministra recordou ainda que quando o anterior governo (PSD/PP) entrou em funções encontrou o sistema financeiro, com "gravíssimos problemas como seria inevitável num país à beira da banca rota" deixado pelo governo socialista de José Sócrates, de que, acrescentou, António Costa também fez parte.

Ainda sobre a CGD, Maria Luís Albuquerque, frisou que o Governo de António Costa nada fez e que se desconhece o que pretende fazer.

"Este governo está em funções há um ano e até agora não fez nada. Continuamos sem saber quanto dinheiro dos contribuintes vai ser colocado na CGD, quais são as consequências para a atividade do banco, para os seus trabalhadores e para que servirá a injeção de dinheiro público e privado que se perspetiva", concluiu.

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