Fidel Castro divide parlamento português

Alguns deputados esclareceram que jamais votariam contra o pesar pela morte de alguém, mas recusam branquear alguém que foi um ditador.

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Parlamento dividiu-se para aprovar votos de pesar Reuters/CARLOS BARRIA

O parlamento aprovou hoje dois votos de pesar pela morte do líder histórico cubano Fidel Castro, textos apresentados por PS e PCP que não mereceram unanimidade nas bancadas.

O texto do PCP mereceu votos a favor dos comunistas, do Bloco de Esquerda e do partido ecologista "Os Verdes" e o voto contra de CDS-PP, passando com a abstenção de PS e PSD (para além do PAN); já o voto apresentado pelo PS teve parecer favorável dos socialistas, BE, PCP e "Os Verdes", abstenção de PSD e PAN e "nega" do CDS-PP.

Contudo, foram vários os deputados de PSD, CDS-PP e PS que votaram em sentido diferente da bancada que representam, votos que não alteraram o sentido final da votação - favorável em ambos os textos.

Um deles, Sérgio Sousa Pinto, do PS, explicou ao Expresso por que razão recusou associar-se à homenagem. "Devo ao 25 de Abril ter crescido em liberdade e democracia. Não me vou prostrar em homenagem a um ditador que negou ao seu povo o que eu prezo acima de tudo", disse.

A bancada do PSD também apresentou uma declaração de voto sobre a matéria, e dentro do próprio partido foram vários os parlamentares a apresentar textos nesse sentido.

Um desses textos, inclusive, é apresentado por mais de dez deputados - entre os quais António Leitão Amaro, Miguel Morgado, Rubina Berardo ou Duarte Marques - que dizem que "jamais votariam contra o pesar pela morte de alguém, mas não podem estar de acordo quando os votos de pesar procuram branquear alguém que foi um ditador, que violou os direitos humanos e que não permitiu a democracia e liberdade do seu povo".

Já no PS, partido que se absteve no voto do PCP, houve vários deputados que nesse texto votaram favoravelmente: Renato Sampaio, Helena Roseta ou Idália Serrão são alguns exemplos.

Fidel Castro morreu na noite de sexta-feira, 25 de novembro, aos 90 anos, às 22:29 locais (03:29 de sábado em Portugal continental).

O anúncio da morte de "El Comandante", Fidel Alejandro Castro Ruz, foi feito pelo seu irmão e sucessor desde 2008, Raul, na televisão estatal, terminando com o grito "Até à vitória, sempre!".

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