Há mais doentes com cancro a serem operados fora do prazo legal

Mais doentes e falta de profissionais de saúde podem explicar o aumento do tempo de resposta dos institutos de oncologia.

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O IPO de Lisboa foi um dos institutos que mais piorou o seu tempo de atendimento MALTE JAEGER/Arquivo

Cerca de um quarto dos doentes que aguardam por cirurgia no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa só é operado depois do prazo legal limite. A notícia é avançada pelo Diário de Notícias, esta segunda-feira, e cita dados publicados no Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A mesma notícia conclui ainda que o IPO de Lisboa foi dos institutos de oncologia que mais pioraram os tempos de resposta em Junho de 2016, em relação a período homólogo.

Os números da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) mostram também que diminuiu a percentagem de primeiras consultas realizadas a tempo – de 97% para 93%. Por outro lado, este ano, aumentou o número de doentes atendidos: foram recebidos 323 doentes, mais 119 do que em 2015.

Uma das causas apontadas para o aumento do tempo de atendimento é a falta de profissionais em todo o país, que a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) não deixa de sublinhar. A sua presidente, Gabriela Sousa, - que não quis comentar os resultados concretos de nenhum dos institutos -, disse ao jornal que "cinco dias não façam diferença na vida do doente", mas se os prazos existem é porque devem ser cumpridos de forma a garantir o melhor tratamento possível. "Pretende-se que os doentes tenham a adequada resposta e uma interligação dos tratamentos que tem de ser ágil e nos tempos certos", declarou.

Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, apontou o aumento da procura desde que os doentes passaram a escolher o hospital onde querem ser tratados, em Maio deste ano. 

Também Jorge Espírito Santo, ex-presidente do Colégio de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos não se mostrou surpreendido face ao aumento do número de casos de doentes com cancro. "Haver algum aumento não é surpreendente porque há mais doentes, mas é preciso que haja mais capacidade para os tratar em tempo e que sejam descentralizados os locais onde são tratados", sublinhou Jorge Espírito Santo, oncologista no hospital do Barreiro.

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