Esquerda unida a dizer "não" a Bruxelas

PS diz que não são precisas medidas adicionais, PCP defende política actual e BE acusa Bruxelas de "jogo" por causa de Espanha.

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PS diz que execução orçamental está a ser cumprida Daniel Rocha

Cada um à sua maneira e pegando numa parte das decisões de Bruxelas, mas todos a defender a política actual contra mais exigências de Bruxelas. O PS recusou a necessidade de mais medidas extraordinárias para atingir uma meta de défice mais baixa e, tal como o BE, lembrou que foi "conveniente" à Comissão Europeia adiar a decisão sobre sanções a Portugal para depois das eleições espanholas. Já o PCP disse que é preciso dizer não a mais austeridade.

O partido do Governo defendeu esta tarde que o relatório da Comissão Europeia "não fala em exigências adicionais", nem "faz nenhuma referência ao plano B". Aos jornalistas, o porta-voz e deputado do PS, João Galamba, disse que "não há nenhuma razão para medidas adicionais" apesar de a Comissão prever um défice de 2,3% no final deste ano, em vez de 2,7%. Aliás, Galamba garantiu que a execução orçamental tem sido cumprida e que essa é a razão para não ser preciso mais esforço.

Além disso, o deputado notou que "eventuais sanções em relação a incumprimentos do Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas foram convenientemente adiadas para depois das eleições espanholas". "Não vou fazer insinuações nem considerações sobre eventuais gestões políticas da Comissão Europeia, mas claro que constato que a decisão que era para ser tomada hoje - e que era para ser tomada com toda a força - foi convenientemente adiada para uma data que é posterior às eleições espanholas", referiu.

Quem falou do mesmo foi o Bloco de Esquerda. A deputada Mariana Mortágua defendeu aliás que "é preciso denunciar este jogo" da Comissão Europeia que serve para pressionar posteriormente a solução política que sair das eleições espanholas. "Deixar todo o momento de eleições espanholas e também as primeiras semanas depois das eleições para o jogo habitual da comissão europeia, das ameaças veladas, das notícias da comunicação social", disse. "Acredito que, a comissão europeia ao não divulgar já uma posição formal sobre as sanções, o que está a fazer é a ganhar espaço para poder pressionar de alguma forma não só o período eleitoral, mas também a formação política que sair em Espanha", acrescentou.

Já o PCP preferiu dizer que a decisão da Comissão Europeia é clara como a água: significa que Bruxelas quer "interromper a política de recuperação de rendimentos" dos trabalhadores. Foi assim que o deputado Paulo Sá comentou a decisão dos comissários europeus.

"A Comissão Europeia exige mais medidas e sabemos o que isso significa. O que pretendem mesmo é interromper a actual política e voltar ao passado", disse o deputado aos jornalistas no Parlamento. 

O PCP tem defendido que o Executivo de António Costa, apoiado pelos comunistas, não deve ceder e Paulo Sá voltou a repetir a ideia de que o Governo "tem de dizer não às ingerências da Comissão Europeia". O parlamentar lembrou que Bruxelas insiste que os ganhos orçamentais devem ser usados para abater na dívida e no défice e que isso significa mais austeridade. "É isso que significa", disse, acrescentando que o que é necessário é "acelerar a política de devolução de rendimento.

Esta foi a primeira reacção dos partidos à decisão da Comissão Europeia conhecida hoje ao final da manhã, que pede um défice de 2,3% este ano. Bruxelas prevê que, com as medidas actuais o défice público não baixe dos 2,7%. Para que o Governo atinja este valor são necessárias novas medidsa de um valor próximo de 750 milhões de euros. Medidas que o primeiro-ministro já veio dizer que não são necessárias.  

 

 

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