"Jesus nunca nos pediria para sermos assassinos a soldo"

Visita do Papa Francisco à cidade de Morelia fica marcada por fortes críticas contra o narcotráfico.

Foto
Francisco pediu ao jovens para evitarem a tentação do dinheiro fácil Carlos Garcia Rawlins/reuters

Depois de apelar aos sacerdotes mexicanos para que não se resignassem perante o narcotráfico e a corrupção, o Papa Francisco levou uma mensagem de esperança aos jovens mexicanos de Morelia, capital do Estado de Michoacán.

Improvisando, por vezes, o seu discurso, o Papa afirmou à multidão - que o recebeu calorosamente - que compreendia a frustração dos jovens mexicanos, tendo em conta as dificuldades que enfrentam diariamente. “Vocês são a riqueza do México, são a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes seja difícil sentir-se essa riqueza quando nos vemos expostos, continuamente, à perda de amigos e familiares às mãos do narcotráfico, das drogas, e das organizações criminosas que semeiam o terror”, afirmou, citado pelo El País.

Apesar disso, o Papa insistiu na importância dos jovens seguirem o caminho de Cristo, e apelou para que resistissem à tentação do dinheiro fácil, proveniente do narcotráfico. “É um erro acreditar que a única forma de viver, ou de se ser jovem, é confiar em traficantes de droga ou em pessoas que apenas semeiam destruição e morte”. E rematou: "Jesus nunca nos pediria para sermos assassinos a soldo".

Enquanto apelava aos jovens para que evitassem uma vida onde a felicidade fugaz é encontrada no dinheiro fácil, em carros ou roupas de marca, Francisco deixou também fortes críticas às autoridades mexicanas que, no seu entender, não fornecem oportunidades aos jovens. “É difícil sentir-se a riqueza de uma nação quando não existem oportunidades de um trabalho digno, possibilidades de prosseguir os estudos. Quando sentes que os teus direitos são pisados, isso leva-te a situações extremas”, afirmou.

A visita do Papa Francisco ao Estado do Michoacán – dilacerado pelo confronto entre gangues, onde na última década morreram cerca de 100 mil pessoas – fica marcada pela importância que o Pontífice atribui ao combate ao narcotráfico, apelando a que jovens e sacerdotes resistam à tentação de se resignarem perante o crime organizado.  

Sugerir correcção
Comentar