Florentino escolheu Zidane, o “galáctico” sem experiência

Francês substitui Rafael Benítez como treinador do Real Madrid. Espanhol ficou apenas sete meses no cargo.

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Zidane durante a apresentação, no Santiago Bernabéu, nesta segunda-feira Juan Medina/Reuters

Da primeira vez que Florentino Pérez apareceu ao lado de Zinedine Zidane, a 9 de Julho de 2001, não havia qualquer dúvida. Zidane era um “galáctico” que justificava todos os milhões que o Real Madrid pagou por ele (11,5 mil milhões de pesetas). Quinze anos depois, Florentino voltou a apresentar Zizou, mas noutra condição, o de novo treinador do Real, mesmo que, como currículo tenha apenas época e meia como treinador da filial na terceira divisão espanhola. O francês rende no cargo Rafael Benítez, cujo reinado efémero no clube durou apenas sete meses e que chegou ao fim nesta segunda-feira, depois de resultados frustrantes, o último dos quais um empate (2-2) no Mestalla frente ao Valência.

A imprensa espanhola falava de uma lista com três nomes para substituir Benítez no imediato, um processo de sucessão que estava a ser preparado desde Novembro: Victor Fernández, José Mourinho e Zidane. Fernández foi o primeiro nome a ser descartado e vai continuar a ser o coordenador da formação “merengue” em Valdebebas. O “El Pais” diz que Mourinho colocou-se fora da corrida porque estará à espera de um convite do Manchester United, acabando a opção por recair sobre alguém que continua com uma aura de “estrela” no Santiago Bernabéu, mas que tem poucos créditos como treinador.

Há poucas semanas, o presidente “merengue” tinha garantido que Zidane seria treinador do Real no futuro. Florentino acelerou agora esse futuro, quem sabe a tentar uma espécie de efeito Guardiola, também promovido no Barcelona de treinador da equipa B a técnico principal com o sucesso que se conhece. "Zidane é, sem qualquer dúvida, uma das maiores figuras da história do futebol. Sabe melhor que ninguém o que é estar à frente do plantel do Real Madrid. Sabe que este é um banco difícil, conhece os jogadores e, com ele como adjunto, conquistaram a Décima. Para ti, a palavra impossível não existe", observou Florentino numa declaração sem direito a perguntas, após uma reunião da direcção “merengue” em que ficou acertada a troca de treinadores. Para Benítez, o líder do Real também deixou uma palavra de apreço, classificando a decisão de o despedir como “difícil” a nível pessoal: “É um grande profissional e uma pessoa magnífica. Quero agradecer a sua dedicação nestes meses.”

O francês será o 11.º treinador da era Florentino, e a segunda vez que promove um treinador da filial, depois de Juan Ramón Lopez Caro ter saltado do Real Madrid B em Dezembro de 2005 para substituir o brasileiro Wanderley Luxemburgo – López Caro ficou até ao fim dessa época. Zidane pega no Real Madrid em terceiro lugar, a quatro pontos do líder Atlético, qualificado para os “oitavos” na Liga dos Campeões (vai jogar com a AS Roma) e fora da Taça do Rei, prometendo trabalho e vontade de ganhar títulos: Temos o melhor clube do mundo e os melhores adeptos, e, por isso, o que temos de fazer é o melhor possível para ganharmos alguma coisa este ano. Só posso dizer que vou fazer tudo, e acho que vai correr bem.”

Como jogador, Zidane foi um dos melhores de sempre. Médio de grande técnica e visão de jogo, Zinedide Yazid Zidane cumpriu os seus primeiros anos no Cannes e no Bordéus, transferindo-se em 1996 para a Juventus, onde passou cinco época e conquistou, entre outro títulos, a Série A por duas vezes. Em 2001, foi o segundo “galáctico” de Florentino depois de Luís Figo numa transferência que, na altura, bateu recordes (69 milhões de euros).

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Foi dele o golo que deu ao Real o nono título europeu na final de 2002 em Glasgow frente ao Bayer Leverkusen, para além de ter sido ainda campeão espanhol em mais uma ocasião. Pela selecção francesa, foi campeão europeu (2000) e mundial (2002), mas também foi com os “bleus” que viveu o pior momento da sua carreira, a infame cabeçada a Marco Materazzi na final do Mundial de 2006 que seria, também, o último jogo competitivo da sua carreira.

Depois de se retirar em 2006, ficou sempre ligado ao Real Madrid, primeiro como conselheiro especial de Florentino Pérez, depois mais ligado à primeira equipa durante o consulado de José Mourinho. Quando Ancelotti chegou ao Real, Zidane foi adjunto do italiano durante uma época, passando, depois para o Castilla, que havia sido despromovido à II B. Na primeira época, falhou a promoção (ficou em sexto) e, na presente temporada, ocupava o segundo lugar, uma época e meia em que enfrentou alguma contestação por deixar muitas vezes de fora o prodígio norueguês Martin Odegaard e promover o seu filho mais velho, Enzo, a capitão do Castilla.

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