De visita a urgência, ministro diz que aprendeu “com os erros do passado”

Novo ministro da Saúde lamenta que Catarina Martins se esteja a comportar como "primeira-ministra de um Governo que não sabemos se vai acontecer".

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Foi uma cena inesperada: uma doente que aguardava há horas deitada numa maca num corredor foi beijada pelo novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, que quis inteirar-se do seu estado e conversou com ela durante alguns minutos, fazendo parar a enorme comitiva que o acompanhava numa visita ao serviço de urgência do hospital de Santo António, no Porto.

Ainda não chegou o frio nem a epidemia de gripe, mas a urgência do grande hospital do Porto já está repleta de doentes em macas. Enquanto confere com o administrador do centro hospitalar os planos delineados para acudir a uma procura acima do normal  – "mais 10 camas para internamento a somar a outras sete e ainda mais 36", se isso for necessário , Leal da Costa reafirma o seu desejo de que este Inverno corra “tudo bem” ou mesmo  “muito melhor” do que aconteceu no anterior. Se, além das camas extra previstas, ainda se verificar “uma necessidade extrema”, serão contratualizadas mais com a Santa Casa da Misericórdia, adianta. 

“Fomos capazes de aprender com os erros do passado”, admite o governante, que foi duramente criticado quando em Abril (era então secretário de Estado adjunto do ministro Paulo Macedo) comentou uma reportagem televisiva que mostrava 15 serviços de urgência com doentes em macas amontoados em espaços reduzidos e com escassos profissionais de saúde –, considerando que as imagens confirmavam a sua opinião de que estes serviços funcionam muito bem.

A urgência do Santo António “tem algumas dificuldades em termos de retenção de doentes” como outras têm, por serem “pequenas”, reconheceu esta sexta-feira. Mas recordou que, para o próximo Inverno, já foram pensadas várias medidas, tudo para agilizar a resposta dos serviços e evitar o caos verificado no Inverno passado. Um exemplo: as administrações regionais de saúde têm instruções para alargar o horário de atendimento dos centros de saúde. Mas Leal da Costa quis aproveitar a ocasião para deixar um apelo aos portugueses: "Vão desejavelmente ao médico de família”, de forma a não criarem uma “pressão” desnecessária nas urgências hospitalares.

No final da visita, interpelado pelos jornalistas, explicou por que motivo foi retirado do programa do Governo esta sexta-feira apresentado no Parlamento o processo de “devolução” de vários hospitais às misericórdias, como o Bloco de Esquerda reclamava, e porque se estabeleceu a meta de abrir pelo menos 100 unidades de saúde familiar, como o PS estipulava no seu programa eleitoral. “Em qualquer conversação que será necessário estabelecer com forças da oposição há a necessidade de inteligentemente estabelecermos compromissos”, enfatizou. E lamentou que a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, se esteja a comportar como se fosse "primeira-ministra de um Governo que não sabemos se vai acontecer". Mas isso, concluiu, é "um problema do PS".

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