Equipas de apoio a idosos atenderam 1255 situações novas em 2014

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa acompanhou mais 56% de idosos em situação de isolamento face a 2013.

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O proprietário do lar negou que os idosos fossem vítimas de maus-tratos Daniel Rocha

As equipas de apoio a idosos, que acompanham idosos em situação de isolamento e de "enorme fragilidade" em Lisboa, atenderam 1255 situações novas em 2014, mais 56% face a 2013, segundo dados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Este aumento "confirma a tendência para o aumento do volume processual destas equipas", constituídas por três profissionais de valências diferentes orientados para "acolher, atender e acompanhar" idosos com "quadros caracterizados por isolamento, enorme complexidade e fragilidade", refere a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

Os dados, enviados à agência Lusa a propósito do Dia Internacional das Pessoas Idosas (1 de Outubro), adiantam que foram avaliadas 1446 situações e encaminhadas 917 para instituições de saúde e equipamentos sociais.

Para a administradora da Acção Social da SCML, Rita Valadas, a sinalização destes casos "significa que a cidade está a funcionar".

"A polícia de proximidade está a fazer um magnífico trabalho", assim como a linha S.O.S de apoio ao idoso, criada pela Câmara de Lisboa, reencaminhando todas as situações que "carecem de outro tipo de acompanhamento", sublinhou.

Também em cada uma das dez unidades da SCML "há alguém que olha especialmente para a questão dos idosos isolados", uma estratégia que decorreu de uma avaliação realizada pela SCML em 2010 e em que foram detectadas mais de 500 pessoas em situação de "grande risco" em Lisboa.

"Há, de facto, um investimento na criação de equipas multidisciplinares porque acreditamos que assim conseguimos prevenir uma dependência precoce ou uma situação de risco", disse.

Rita Valadas avançou que a Rede Social de Lisboa está a criar uma plataforma em que qualquer cidadão pode identificar uma pessoa em risco e constituir-se como seu acompanhante, comprometendo-se a informar se notar alterações na rotina dessa pessoa.

Para a responsável, a denúncia destes casos "devia ser obrigatória": "Temos de fazer perceber às pessoas que todos temos o dever de alertar para uma situação de risco".

Em 2014, a SCML prestou apoio domiciliário a 3501 utentes, mais 204 do que o planeado. "O total de admissões foi superior em 219 ao das saídas, pelo que é expectável que se mantenha a tendência de crescimento" verificada nos últimos três anos.

Houve ainda uma média diária de 1985 utentes a frequentarem os 26 Centros de Dia da SCML.

Para Rita Valadas, a resposta da Santa Casa nesta área é "muito significativa", mas é preciso fazer mais.

"Não estamos contentes nem com a nossa capacidade, porque ainda não conseguimos prevenir tudo, nem com respostas sociais, algumas um bocadinho enquistadas em relação às necessidades da situação social de Lisboa e do país", disse, dando como exemplo os centros de dia.

"Há muita gente que podia beneficiar desta resposta e que ainda não é idosa", como desempregados que não podem deixar de ter actividades ou jovens com algum problema, disse Rita Valadas, avançando que esta valência está a ser avaliada no sentido de a alargar a outras idades.

"Lisboa está a envelhecer muito e, portanto, há respostas que temos de rever sob o risco de podermos estar a ter uma cidade que é uma instituição onde as pessoas estão todas institucionalizadas porque já não têm condição para ter outro tipo de resposta", adiantou.

Para Rita Valadas, "o grande desafio é encontrar a resposta adequada ainda antes da institucionalização".

"Temos que dar prioridade aos idosos, mas dando-lhes uma vida normal, não é criando guetos onde não convivem com pessoas de outras idades, não valorizam a vida as outras idades com a sua cultura e experiência e não vivem, sobrevivem", rematou.

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