Chelsea tem 134 milhões de euros emprestados pela Europa fora

Chelsea tem 32 jogadores a rodar um pouco por toda a Europa, incluindo Portugal. Entrada no plantel de José Mourinho é feito ao alcance apenas dos melhores. Matic é o caso de maior sucesso mas custou 25 milhões de euros.

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Matic é um exemplo de um jogador do Chelsea emprestado que regressou à casa-mãe, embora com custos Lee Smith/Reuters

Em Janeiro, Ulises Dávila aterrou em Portugal. Chegou a Setúbal com a bagagem carregada de sonhos. De Janeiro e Maio realizou 11 jogos, num total de 414 minutos, ao serviço do Vitória de Setúbal. A primeira experiência no Bonfim correu de feição de tal forma que o mexicano resolveu continuar mais uma época no clube sadino. “Gostei muito dos meses que cá estive, soube a pouco e queria mostrar mais. Falei com José Mourinho e disse-lhe que a minha preferência era voltar ao V. Setúbal. Ele sorriu e disse-me que era uma excelente escolha. Deu-me força, disse-me que era o clube certo para mim, que deveria aproveitar esta época para, com estabilidade, mostrar o meu valor”, confessou o médio ofensivo.

Uli Dávila, como também é conhecido, é um dos 32 jogadores que pertencem aos quadros do Chelsea e que foram emprestados a outros clubes, porque integrar o plantel orientado pelo special one não está ao alcance de todos. Apenas os melhores podem fazer parte deste núcleo restrito, defende o director técnico dos campeões ingleses, dando dois exemplos: Moses, nigeriano que foi emprestado pela terceira vez consecutiva agora ao West Ham, depois de ter passado pelo Liverpool e Stoke, e do egípcio Salah, que esteve seis meses na Fiorentina e no último mercado de transferências mudou-se para a Roma.

“Às vezes, sabemos que há jogadores cujo desenvolvimento ainda é um processo inacabado, como é o caso de Moses, que até queríamos manter no nosso plantel mas que precisa jogar com regularidade até chegar ao nível que pensamos que ele poderá atingir, porque é um jogador muito talentoso. Podíamos ainda falar de Salah. São jogadores que vão para clubes de topo e quando lá chegam provam que não contratámos maus jogadores”, explicou à BBC, Michael Emenalo.

A Associação Profissional de Futebolistas ingleses (PFA) já veio a terreiro criticar esta política desenvolvida pela direcção dos blues. “O Chelsea é quase um entreposto de jogadores emprestados. Estamos um pouco preocupados. Queremos saber se esta questão coloca em causa a integridade das competições. Coloco a seguinte questão: onde é que este número irá terminar? Porque trata-se de uma influência muito forte que um clube parece ter em tantas competições”, questionou Gordon Taylor, director executivo da PFA.

Com a contratação destes jogadores - exceptuando aqueles que fizeram a formação na Academia do clube - Roman Abramovich terá gasto cerca de 134 milhões de euros. Alguns não chegaram, sequer, a realizar um jogo pelo clube de Stamford Bridge. Da lista de 32 atletas, apenas alguns contabilizam minutos de azul e branco em partidas oficiais, são os casos de, por exemplo, Marco van Ginkel, Salah, Moses, Marco Marin, Ake, Cuadrado, Lucas Piazon, Izzi Brown ou Kalas.

A obrigação do clubes de terem plantéis com, no máximo, 25 jogadores e o facto do visto de trabalho não ser concedido a todos os jogadores extra-comunitários, ambas medidas impostas pela Federação Inglesa, ajudam o Chelsea a ter de pensar em estratégias alternativas sempre que contrata pérolas com potencial para virem a integrar a shor-list que é integrar o plantel principal. 

Erasmus futebolístico
Sediado na cidade holandesa de Arnhem, o Vitesse é um dos clubes satélite do Chelsea e é na Eredivisie que alguns dos jovens contratados pelos ingleses têm sido sujeitos a um programa Erasmus futebolístico. Em 2010, o clube foi comprado pelo antigo jogador georgiano Merab Jordania, altura em que foi firmado um protocolo com Roman Abramovich que teve, e tem, como objectivo potenciar os jovens valores contratados pelos blues. Desde então, vários jogadores têm passado por esse período de formação, casos de Atsu, antigo jogador do FC Porto, Lucas Piazon, Kakuta – agora no Sevilha - ou Patrick van Aanholt – contratado pelo Sunderland. Nesta época, Izzy Brown, Lewis Baker, Danilo Pantic, Dominic Solanke e Nathan integram o plantel do sexto classificado da Liga holandesa.

Regresso milionário de Matic à casa mãe
“Se fosse eu o treinador [referindo-se a Carlo Ancelotti que treinava o clube nesse período], tratando-se de um esquerdino de 1,95 metros de altura, um médio com estas características nunca, mas mesmo nunca, teria sido vendido. O clube tinha cá o Matic, mas ele saiu. Com jogadores daquela idade é bom que o clube mãe fique protegido, pois a sua evolução por vezes é boa. Por isso, é importante manter o controlo da situação quando se tem um jogador para emprestar, ou até  mesmo vender”, salientou, em Março, José Mourinho, citado pelo Daily Express.

O treinador referia-se a Matic, jogador que o Chelsea resgatou ao MFK Kosice da Eslováquia, emprestou, posteriormente ao Vitesse, e que mais tarde foi incluído no negócio que, levou a 31 de Janeiro de 2011, David Luiz do Benfica ao Chelsea. O médio sérvio, depois de ter brilhado no Estádio da Luz, foi contratado pelo emblema londrino por um valor a rondar os 25 milhões. Um regresso à casa mãe que obrigou os campeões ingleses a abrir os cordões à bolsa em Janeiro de 2014.

“O clube foi corajoso ao trazê-lo de volta. Queríamos um médio e tínhamos três ou quatro opções em cima da mesa, mas o melhor era um jogador que, não digo que o Chelsea tenha perdido, mas tratou-se de alguém envolvido num negócio”, apontou.

Desde que regressou a Londres, Matic tem sido uma peça indiscutível no "onze" desenhado pelo happy one. Será que nos próximos tempos algum dos 32 emprestados irá seguir-lhe os passos?

“No futuro, quando o Chelsea negociar um jovem jogador irá tentar manter o controlo da situação. Mas, passaram tantos treinadores pelo clube nos últimos anos que se tornou complicado ter uma filosofia a esse nível. Para uns o Matic tinha o perfil certo, para outros já não, porque não gosta dele. Ter uma filosofia é importante para a administração do clube”, assegurou o treinador português.

 

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