CDS pede às TV para voltar a discutir debates e critica “veto” da oposição

Centristas ameaçam que a coligação da direita poderá só dar resposta sobre participação no debate entre candidaturas se as televisões aceitarem ter Paulo Portas nos frente-a-frente.

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Debate para as legislativas de 2011: agora Passos participa, mas Portas não Miguel Manso

É mais uma tentativa do CDS-PP para não ficar fora dos debates televisivos das legislativas. Em carta assinada por Cecília Meireles, o partido liderado por Paulo Portas insiste nos argumentos para participar no debate e nos frente-a-frente, critica o veto do PS e PCP, pede uma nova reunião às televisões e deixa no ar uma ameaça. Tudo porque, defende, está em causa o critério da pluralidade.

Depois de ter recebido, na quarta-feira, uma proposta das televisões para que Portas debatesse apenas com Catarina Martins (visto que António Costa e Jerónimo de Sousa recusaram e não faria sentido Paulo Portas enfrentar Pedro Passos Coelho) o CDS considera que estão em causa a “globalidade da representação, do pluralismo, do escrutínio e do contraditório democráticos”. E vinca que o seu parceiro de coligação, o PSD, é da mesma opinião.

Mais: a exclusão do CDS e do seu líder não é feita por “vontade editorial mas reflectindo vetos partidários” do PS e do PCP. Um défice democrático que resulta da “mera expressão de arrogância de alguns, que pretendem impor um ‘diktat’ aos meios de comunicação social sobre a participação de terceiros”, acusa a deputada centrista.

Cecília Meireles recorda que o CDS tem tido representação política e parlamentar ininterrupta desde 1976, que chegou ao Governo em 2011 e designa, “na proporção que lhe cabe, responsáveis ministeriais por várias políticas públicas”. Argumenta que o período eleitoral é o “momento por excelência de escrutínio e avaliação do trabalho feito”, e que sem o CDS nos debates haverá “políticas públicas fundamentais [que] deixam de ser abordadas em termos de responsabilidade política directa, o que seria incompreensível; ou bem que o exercício da crítica sobre as mesmas é meramente parcial ou panfletário, porque faltará nos debates a voz do contraditório directo e específico sobre as mesmas”.

Além disso, defende ainda a vice-presidente da bancada centrista, o facto de PSD e CDS concorrerem juntos numa coligação “não constitui uma fusão de partidos”, já que depois das eleições terão grupos parlamentares próprios. E que, tal como agora, os dois partidos “sempre mantiveram a sua autonomia de actuação”.

Ou todos ou ninguém?
A missiva termina com o que parece uma ameaça subliminar. O CDS diz que reserva uma “resposta definitiva” sua e “da coligação como um todo sobre os vários temas em aberto para momento ulterior a essa reflexão, na exacta medida em que, com a mesma posição construtiva de sempre, nos parecem possíveis várias soluções para superar o presente impasse”. Um esticar de corda numa espécie de aviso ‘ou vamos todos ou não vai ninguém’.

Ora, se já há acordo fechado entre as televisões, as rádios, PS e PSD para os dois frente-a-frente entre António Costa e Pedro Passos Coelho, o mesmo não se passa com os debates em televisão. Apesar de já existir um acordo de princípio de uma data para o debate com as quatro candidaturas (PS, Portugal à Frente, CDU e Bloco) a 22 de Setembro, falta ainda a palavra final do lado da coligação. E na sede do Portugal à Frente, se é certo que o PSD se disponibilizou a ajudar o CDS a estar presente nos debates, também há o entendimento de que se não houver debates com toda a direita isso só beneficia os actuais partidos do Governo. E a oposição poderá acabar, num cenário inédito, a falar sozinha.

Para o CDS, a melhor proposta das TV era a que previa os debates frente-a-frente entre todos os líderes partidários porque “garante o contraditório, assegura o pluralismo” e, sendo uma escolha da comunicação social, era, como manda a lei, o exercício plena da liberdade editorial.

O CDS diz ser “natural em termos de escolha democrática”, a realização dos debates na rádio e na TV entre Costa e Passos Coelho, e acrescenta que não colocou “qualquer entrave” à participação do PEV, “que nunca se apresentou isoladamente a eleições nem fez parte de qualquer Governo”.
 

Notícia substituída às 12h05

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