Águas, transportes e fundos são três dossiês prioritários do Governo do PS

António Costa fez campanha em Matosinhos ao lado do independente Guilherme Pinto. E só não almoçou com Narciso Miranda porque o ex-autarca está ausente em Cambridge.

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Paulo Pimenta
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O líder do PS, António Costa, já está em campanha para as legislativas e mostra preocupação com os problemas dos autarcas em matéria de fusão das águas, transportes públicos e fundos comunitários, para os quais promete tomar uma decisão logo nas primeiras semanas do Governo socialista.

“Tenho a certeza que, muito rapidamente, assim que o próximo Governo seja constituído, podemos ultrapassar” os dossiês que opõem os municípios ao Estado: a fusão do sector das águas, a concessão dos transportes públicos e a gestão dos fundos comunitários”, declarou o candidato do PS a primeiro-ministro esta quinta-feira no Porto, salientando que “algumas das reformas que estão em curso são altamente negativas para as populações e altamente lesivas para os interesses dos municípios”.

Falando aos jornalistas depois de se ter reunido com o presidente da câmara, o independente Rui Moreira, o líder socialista considerou que serviços essenciais como o abastecimento de água e a rede de transportes públicos devem ser geridos pelos representantes das populações a que se destinam e que são autarquias, áreas metropolitanas e associações de municípios. “Não faz sentido continuar a ser o Governo a pôr e dispor sobre um serviço básico para o funcionamento das cidades, como são os transportes públicos”, defendeu.

As críticas ao atraso de um ano e sete meses no actual quadro comunitário de apoio voltaram a ouvir-se e Costa aproveitou a acasião para censurar o “conflito que se vai arrastando entre os municípios e o Governo, entre os municípios e as comissões de coordenação e desenvolvimento regional [CCDR´s], que tem vindo a impedir a injecção na economia portuguesa de 21 mil milhões de euros”.

Numa reacção às declarações de António Costa, o ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, negou, em declarações ao PÚBLICO, que haja “qualquer atraso em relação às negociações no âmbito do Programa Portugal 2020 - o novo quadro comunitário - pelo contrário”. “As negociações com a maior parte das entidades intermunicipais vão fechar mais cedo do que aconteceu com o anterior quadro comunitário. Como é que estamos atrasados?”.

Incomodado com as afirmações reiteradas de Costa nesta matéria, o ministro afirma não saber se as declarações do dirigente socialista são “uma tentativa de mobilizar alguns autarcas da área política do PS tendo em conta a proximidade das eleições legislativas” ou se se “trata mesmo de desconhecimento. Mas se é desconhecimento começo a achar que é muito reiterado”, considerou. Ainda em resposta ao líder socialista, que voltou a defender a eleição directa dos presidentes das CCDR`s , Poiares Maduro salientou que o “governo que alterou o regime actualmente em vigor foi aquele em que António Costa tinha a tutela das autarquias locais”.

"Oh 'more', temos de ganhar isto"
O secretário-geral socialista iniciou a sua jornada no Porto reunindo-se com o independente Rui Moreira, seguindo-se depois para Matosinhos onde foi recebido em ambiente de campanha eleitoral ao som de bombos e de muitos “Viva o PS! Viva o PS!”.

Ao lado do presidente da autarquia de Matosinhos, o independente Guilherme Pinto, o candidato a primeiro-ministro percorreu a pé algumas ruas de Matosinhos, foi saudado e cumprimentado por muita gente. Num terreno que lhe é favorável politicamente, ouviu palavras encorajadoras de que vai ganhar as eleições. Uma mulher, ao aperceber-se da comitiva socialista, saiu desarvorada de dentro de um restaurante, propriedade do militante mais antigo do PS de Matosinhos, em direcção a Costa e diz-lhe: “Oh 'more' não sabia que vinha. Temos de ganhar isto”. Solícito, Costa responde que sim, mas deixa um aviso. “Temos de trabalhar para ganhar”.

Centenas de metros à frente, um grupo de pescadores aguardava o líder do PS para uma caldeirada que haveria de ser servida  a abordo do arrastão Foz da Nazaré, atracado na lota de Matosinhos. Para além de António Costa, Guilherme Pinto, da deputada Luisa Salgueiro e de Manuel Pizarro, foram também convidados para o almoço o primeiro vereador eleito pelo PS no executivo e o líder da assembleia municipal, o presidente da concelhia e os secretários coordenadores da União de Freguesias Matosinhos/Leça.

A organização estendeu o convite ao ex-presidente da Câmara de Matosinhos, Narciso Miranda, que só não compareceu por se encontrar ausente em Cambridge (Inglaterra). Apesar, mas o estrago estava feito e houve quem se mostrasse incomodado pelo facto de o terem convidado. “Ele já não é do PS há muito tempo. Ele candidatou-se contra o partido nas autárquicas de 2009”, insurgia-se um socialista. O líder da concelhia, Ernesto Páscoa, de quem partiu o convite, defende-se dizendo que a sua “intenção é unir os socialistas não apenas os que têm cartão de militante, mas também os não têm”.  

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