Zona euro chega a solução para empréstimo de transição à Grécia

Atenas fica com dinheiro para pagar ao BCE na próxima segunda-feira. Esta quinta-feira, o banco central discute também o que fazer aos empréstimos de emergência à banca grega.

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Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo

Poucas horas depois do parlamento grego ter cumprido as primeiras exigências do acordo assinado na segunda-feira com os seus credores europeus, os ministros das Finanças da zona euro chegaram esta quinta-feira a um entendimento em relação à libertação de um empréstimo de transição de 7000 milhões de euros à Grécia, para esta poder fazer face aos seus compromissos financeiros mais imediatos.

De acordo com a agência Bloomberg, que obteve a informação junto de um responsável político da zona euro não identificado, a reunião por videoconferência do Eurogrupo chegou a uma solução sobre a forma como pode ser concedido de imediato um empréstimo à Grécia, ainda antes de um programa de financiamento a três anos ser desenhado e acordado entre as partes, algo que apenas poderá acontecer dentro de quatro semanas.

Seguindo a recomendação feita pela Comissão Europeia o empréstimo será feito através do fundo no qual participam todos os 28 Estados-membros da União Europeia, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira. Terá sido encontrada também uma forma de convencer os países da UE que não fazem parte do euro a aceitar participar, dando-lhes garantias de que não teriam de assumir perdas significativas. O Reino Unido, em particular, mostrou-se inicialmente contrário a esta solução.

Após a reunião, não houve lugar a uma conferência de imprensa, esperando-se explicações oficiais sobre o resultado do Eurogrupo durante a tarde. Ainda assim, para que este empréstimo avance deverá ainda ser necessário esperar que os parlamentos de dois países da zona euro, Alemanha e Áustria, dêem a sua autorização para o início das negociações para um programa de financiamento à Grécia de três anos. A Finlândia, um dos países onde a oposição a um acordo é mais forte, já aprovou essa autorização esta quinta-feira.

O empréstimo de transição de 7000 milhões de euros servirá para a Grécia fazer um pagamento de 3500 milhões de euros ao Banco Central Europeu no dia 20 de Julho, para pagar a dívida de 2000 milhões de euros que tem em falta com o FMI e para amortizar outra dívida de 400 milhões de euros que tem face ao banco central grego. O financiamento ajudará ainda o país a fazer face a compromissos internos como o pagamento de salários e pensões.

Para já, os governos da zona euro consideram que será suficiente este empréstimo para assegurar as necessidades de financiamento até que o novo programa a três anos tenha sido plenamente acordado entre a troika e Atenas.

No entanto, há quem tenha dúvidas que tal possa vir mesmo a concretizar-se. E uma dessas pessoas é o ministro das Finanças alemão. Numa entrevista a uma rádio,  Wolfgang Schäuble defendeu que para um programa poder funcionar será necessário que se proceda a um perdão de dívida significativo à Grécia, o que curiosamente é o mesmo que tem vindo a ser dito pelo FMI e por Atenas.

No entanto, a diferença é que Schäuble diz que um perdão de dívida desse tipo não é permitido pelos tratados da União Europeia e que, por isso, a única forma de acontecer é a Grécia sair temporariamente do euro.

“Ninguém sabe neste momento como é suposto isto funcionar sem um haircut e toda a gente sabe que um haircut é incompatível com ser membro da zona euro”, afirmou o ministro.

Para esta quinta-feira está marcado outro momento importante para a crise grega. O conselho de governadores do BCE reúne-se, discutindo o que deverá ser feito ao nível de financiamento de emergência aos bancos gregos, que neste momento está congelado nos 89 mil milhões de euros.

Existe a possibilidade de, perante o voto favorável do parlamento grego e a libertação do dinheiro para Atenas pagar ao BCE , este nível ser aumentado, desanuviando os problemas de liquidez dos bancos gregos que, actualmente se encontram fechados e sem poder disponibilizar mais de 60 euros por dia aos seus clientes, através de caixas automáticas.

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