PS não vai antecipar decisão sobre presidenciais

Costa resiste às pressões de Nóvoa e insiste em afastar o dossier das presidenciais para depois das legislativas.

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António Costa lamentou falhanço no acordo entre accionistas do BPI Nuno Ferreira Santos

O PS não vai antecipar a decisão sobre que candidato apoiará para a eleição do próximo Presidente da República e só escolherá o nome por quem vai fazer campanha depois das eleições legislativas.

"Quando decidirmos o candidato a apoiar não faremos segredo. Temos um calendário e a prioridade dos portugueses são as eleições legislativas e tentar mudar o Governo e a política", repetiu ontem o secretário-geral, António Costa, em declarações aos jornalistas em Baião.

António Costa reafirmou assim a posição da direcção do PS de que qualquer decisão sobre presidenciais só surgirá depois das legislativas, ou seja, insistiu no calendário traçado, como reacção às pressões que a direcção do PS tem tido para anunciar o seu apoio à candidatura presidencial de António Sampaio da Nóvoa.

O PÚBLICO confirmou junto da direcção do PS que não haverá nenhuma antecipação de calendários e as presidenciais serão apenas tratadas oficialmente pelo PS mais tarde.

Nóvoa pressiona
A questão voltou a colocar-se esta semana, depois de ter sido tornada pública a existência de uma reunião entre o presidente do PS, Carlos César, e Sampaio da Nóvoa. O próprio candidato a Presidente da República, em declarações públicas no sábado, pediu ao PS uma clarificação, num claro gesto de pressão sobre António Costa.

O que é facto é que a direcção do PS está dividida neste domínio das presidenciais. Por um lado, há quem veja com bons olhos a candidatura de Sampaio da Nóvoa e preferisse que a questão ficasse clarificada desde já. Consideram mesmo que isso poderia permitir que o PS arrumasse por agora esse dossier e ficasse liberto para a campanha das legislativas.

O apoio imediato iria também agradar ao candidato presidencial, tal como se depreende da pressão que tem feito. Aliás, essa pressão é justificada com a argumentação de que uma candidatura presidencial só arranca, de facto, quando tem por detrás de si o aparelho de um partido. Neste caso, o apoio do PS poderia dar o suplemento de alma à candidatura de Sampaio da Nóvoa, que significaria ter a máquina partidária do PS ao seu serviço.

Pouco institucional
Mas há no PS vários dirigentes nacionais que não vêem com bons olhos o apoio a Sampaio da Nóvoa e alguns, como Sérgio Sousa Pinto ou José Lello, já declararam o seu não apoio. José Lello foi mesmo ao ponto de considerar viável a candidatura de Maria de Belém Roseira, antiga presidente do PS, que tem sido desafiada a candidatar-se.

Um dos argumentos mais usados pelos socialistas que torcem o nariz ao apoio é o de que Nóvoa é um candidato pouco institucional e visto por alguns como anti-sistema e anti -partidos. Há mesmo que sustente que o candidato a apoiar pelo PS deverá ser alguém que venha de dentro do universo do partido.

A falta de experiência política de Sampaio da Nóvoa é o principal obstáculo. E argumentam com a necessidade de o PS apoiar um candidato com um perfil mais institucional e com mais conhecimento da vida político partidária e político-institucional. Alegam que, no caso de uma futura crise política, é importante ter alguém em Belém que conheça o sistema político português por dentro.

Um outro argumento que é usado contra o apoio do PS a Sampaio da Nóvoa é o facto de este candidato ter um discurso político e estar identificado pelos eleitores com uma área política à esquerda do PS. Esse facto, garantem, fecha o terreno eleitoral ao PS, já que afasta o eleitorado do centro, que pode ser decisivo para os socialistas ganharem as legislativas.

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