CDS admite acordo com listas separadas e pacto de não agressão

Portas mostra vontade de proibir sondagens durante campanha eleitoral.

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Diogo Feio Pedro Maia

No momento em que PSD e CDS-PP se preparam para uma decisão em torno de uma coligação pré-eleitoral, os dois partidos fazem contas e colocam cenários em cima da mesa. Um deles foi avançado pelo vice-presidente do CDS-PP, Diogo Feio, que admitiu um acordo eleitoral entre os dois partidos, embora com listas de candidatos separadas. Nesta solução, os dois partidos fariam uma espécie de pacto de não agressão durante a campanha para as legislativas. Mas esta hipótese não é consensual dentro do partido.

A coligação PSD/CDS-PP para as legislativas “pode ser um acordo eleitoral – as tais listas – ou um acordo de coligação com os partidos a irem por si próprios”, afirmou Diogo Feio, na SIC Notícias na segunda-feira à noite, depois de ter saído da reunião da comissão política nacional do partido.

O vice-presidente do CDS-PP referia-se à hipótese que é admitida internamente no partido de Paulo Portas de haver um acordo com o PSD mas com listas de deputados separadas, o que implicaria a conciliação de campanhas eleitorais e um pacto de não agressão.

Os centristas querem fazer passar a ideia de que não há uma fórmula única para um acordo de coligação, mas no CDS há quem considere esta hipótese suicida. Qualquer valorização do trabalho dos ministros do CDS, no calor da campanha, seria entendida como uma crítica ao PSD e perturbaria a campanha, apontam dirigentes centristas contactados pelo PÚBLICO.

Com esta indefinição sobre a coligação a seis meses das legislativas, os sociais-democratas fazem contas à luz das sondagens. E temem, em caso de listas conjuntas, ficar prejudicados na eleição de deputados e ver o CDS sair beneficiado de um acordo.

O tema da coligação com o PSD esteve ausente da reunião da comissão política nacional de segunda-feira à noite, em que os coordenadores dos grupos de trabalho apresentaram conclusões para a construção de um programa eleitoral. Mas é certo que Paulo Portas voltou a defender que a campanha dos partidos da maioria tem de estar voltada para o futuro (e não ficar apenas no passado) e tem que haver clareza em matéria fiscal.

O líder do CDS e vice-primeiro-ministro voltou a mostrar desagrado com as sondagens publicadas durante a campanha na Madeira, que subestimaram o resultado do partido e sobrevalorizaram os votos no PSD. E tem intenções de proibir a publicação desses estudos de mercado durante as campanhas eleitorais. Mas para já o CDS não falou com o PSD, a nível parlamentar, nem há qualquer projecto de lei pronto a dar entrada na mesa da Assembleia da República.

Depois de Portas ter remetido a decisão sobre a coligação para depois das eleições na Madeira, alguns centristas ficaram desapontados com as tímidas declarações oficiais do partido sobre o assunto na segunda-feira à noite. Sobre o ponto de situação do programa do CDS foi o próprio Paulo Portas, à saída da reunião, a prometer declarações de Assunção Cristas, coordenadora dos trabalhos, ainda para esta semana. 

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