PS quer verbas dos vistos gold em fundo de capitalização de empresas

António Costa reuniu-se no Parlamento com um conjunto de associações e empresas.

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António Costa propõe-se aumentar os "mecanismos de capitalização das empresas" em Portugal Enric Vives-Rubio

O secretário-geral do PS defendeu nesta quarta-feira uma nova forma de financiamento para as empresas depois de um encontro com um conjunto de associações e empresas. À saída de uma reunião de cerca de três horas no Parlamento, António Costa propôs uma reorientação dos objectivos dos vistos gold por forma a aumentar os "mecanismos de capitalização das empresas" em Portugal.

O PS escolheu o tema do investimento e da estagnação económica para o debate que agendou no Parlamento.

Depois das críticas ao atraso na chegada ao terreno das verbas dos novos fundos comunitários, Costa defendeu a reorientação dos vistos para um "fundo de capitalização". Isto, porque, para o PS, a questão da capitalização era um dos principais problemas que o tecido económico enfrenta actualmente.

O socialista admitiu ainda que esse fundo poderia ficar sob a responsabilidade do IAPMEI ou da Caixa Geral de Depósitos.

António Costa aproveitou para lançar farpas ao Governo, afirmando que a maioria PSD/CDS-PP ficou esgotada com o fim do programa de assistência económico-financeira da troika, pois "não tem mais nada a dizer" e o país anseia ser libertado do Governo.

"A maioria parlamentar esgotou a sua capacidade de inovação e renovação. Tinha um único programa que era cumprir o programa da troika. A troika acabou, o programa continuou com este Governo, que não tem mais nada a dizer. O país está todo impaciente é para que este Governo rapidamente o liberte para que se possa concentrar nos grandes desafios do futuro, com ambição, convicção e capacidade porque há empresas cheias de vontade de produzir", disse, citado pela Lusa.

Maduro que "saia do gabinete"
António Costa aconselhou o ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional a sair do seu gabinete para conhecer Portugal, criticando aquilo que diz ser "incompetência" governamental no aproveitamento de fundos da União Europeia.

"Se o ministro Poiares Maduro saísse do gabinete e pusesse os pés na terra, fosse às empresas, falar com autarcas e percebesse a realidade do país onde está e não o país onde estudou e viveu, talvez os fundos comunitários estivessem a produzir resultados e já", afirmou ainda o líder socialista.

Poiares Maduro, que no seu percurso académico e profissional passou por Florença, Estados Unidos e Luxemburgo, entre outros, acusara o líder socialista de estar "um bocadinho mais preocupado com as eleições do que" o seu antecessor, António José Seguro, e defendeu que "o Portugal 2020 (Quadro de Referência Estratégica Nacioanl 2014-20) nunca pode ser planeado em função das eleições", em entrevista ao Diário Económico.

"Quando vamos falar com qualquer governo estrangeiro, da União Europeia, e dizemos que é necessário reforçar o orçamento, a pergunta que nos fazem é para quê? Há fundos comunitários e a Garantia Jovem para combater o desemprego que não estão utilizar. Para que vêm pedir mais dinheiro, se não são capazes de utilizar o já disponível?", continuou Costa.

O ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa negou querer utilizar os fundos europeus como arma de arremesso político. "Eu não quero que haja combate político em torno disto. O que quero é que os fundos sirvam para o que foram criados - activar a economia, ajudar a crescer, a criar emprego, romper com este ciclo de empobrecimento. É preciso, de facto, um Governo que não acredita na importância do investimento para ter desvalorizada a importância estratégica deste quadro (comunitário de apoio)", concluiu.

O secretário-geral do PS, acompanhado pelos deputados Ferro Rodrigues, Marcos Perestrello, Pedro Nuno Santos e João Galamba, reuniu-se antes com representantes de associações empresariais das indústrias têxtil, do calçado, da construção civil e do sector da hortofloricultura, bem como com o economista António Rebelo de Sousa, irmão do ex-líder do PSD e comentador político Marcelo Rebelo de Sousa.

"O que toda a gente sente é que estamos muito aquém do ponto em que devíamos estar e para onde devíamos ir. As estatísticas demonstram-no, ao contrário do que o Governo nos quis apresentar, como nos tendo dado esta estratégia de austeridade um novo padrão de crescimento - cada vez mais exportadores e menos importadores. Os números que vão saindo do nosso comércio externo vão destruindo esta ideia", lamentou.

António Costa referiu a iniciativa governamental de criação de um banco de fomento, que "não ata nem desata".

Segundo o secretário-geral do PS, os sectores do têxtil, calçado e agroalimentar "estão a crescer, mas poderiam crescer muito mais se os fundos [comunitários de apoio] estivessem já activados, se o clima económico fosse outro, se houvesse mais investimento e, para isso, era preciso mais confiança".

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