Cresap aprova administração da RTP com críticas

Gonçalo Reis tem perfil adequado mas não lhe é reconhecida “sensibilidade social”. E são levantadas dúvidas sobre o perfil dos outros dois administradores.

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Gonçalo Reis é o novo presidente da RTP Enric Vives-Rubio

Dois dos três novos administradores da RTP foram aprovados pela Cresap - Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública com pareceres de “adequado com limitações”. Aquela entidade considera que Cristina Tomé e Nuno Artur Silva não têm o perfil completamente adequado para as funções que vão desempenhar.

Cristina Vaz Tomé (vogal com o pelouro financeiro) não terá conhecimentos da área audiovisual e Nuno Artur Silva (vogal com pelouros de conteúdos) foi dono de uma produtora e detém um canal de televisão, o que levanta problemas de incompatibilidade.

A nova equipa de gestão iniciou funções esta segunda-feira, depois de ter sido ouvida no Parlamento na passada quarta-feira. De acordo com a deliberação da Cresap aprovada por unanimidade, o único administrador com o parecer de adequado é Gonçalo Reis, indicado para o cargo de presidente. Mas também aqui aquele organismo deixa reparos.

Considera que Gonçalo Reis tem “perfil técnico, a par de uma experiência de gestão ao nível da direcção superior muito consistente, revelando conhecimento quer da RTP, onde aliás, já foi administrador, quer do sector”, assim como de planeamento estratégico. Porém, “não ficaram muito claras as competências em termos de uma capacidade real para obter a colaboração de outros, ou a presença de uma forte sensibilidade social”.

Sobre Cristina Vaz Tomé, indicada pelo Conselho Geral Independente para vogal com o pelouro financeiro - mas que precisou do parecer prévio e vinculativo do Governo -, a Cresap diz que embora tenha experiência em gestão, “não fica claro o seu contributo ou a mais-valia específica com que contribuirá para a administração da RTP, num sector de que não revela conhecimento substantivo”.

Além disso, acrescenta a equipa de João Bilhim, Cristina Vaz Tomé foi há pouco tempo indigitada para vogal do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, o que não é compatível em termos de disponibilidade de tempo com as funções na RTP, onde se espera uma “gestão efectiva e exigente, de qualidade e orientada para o serviço público”.

Cristina Vaz Tomé recebeu, por isso, o parecer de “adequado com limitações”, tal como aconteceu com Nuno Artur Silva.

A Cresap reconhece o perfil de “larga experiência de gestão de topo” e a qualidade profissional de Nuno Artur Silva no meio audiovisual e televisivo, mas o facto de ter sido fundador e presidente de uma empresa que detém um canal de televisão, coloca “problemas de natureza concorrencial que não foram clarificados”.

Para a avaliação dos indigitados, a equipa da Cresap analisou o currículo e as suas respostas ao formulário de avaliação curricular (um questionário-tipo para os gestores públicos), assim como os resultados financeiros da RTP.

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