Precisamos de “um sentido de urgência” para acabar com a escravatura

O activista Indiano Kailash Satyarthi, nobel da Paz de 2014, está em Londres para lançar a campanha Pelo Fim da Escravatura.

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Acredito que "a solução está no próprio problema" Suzanne Plunkett/Reuters

"Se o vosso filho for traficado, não se vão sentar, nem organizar uma conferência. Vão agir imediatamente".

Foi com esta frase que o Nobel da Paz de 2014 Kailash Satyarthi apelou esta quarta-feira a uma mobilização colectiva contra a escravatura moderna, um flagelo que afecta 35,8 milhões de pessoas em todo o mundo segundo o Índice Global da Escravatura publicado na segunda-feira. Na conferência anual Trust Women, iniciativa da Fundação Thomson Reuters, que decorre durante dois dias em Londres (18 e 19), o Nobel da Paz lembrou que, apesar de todos os avanços tecnológicos, financeiros e do conhecimento, o número actual de escravos é o maior de sempre.

Kailash Satyarthi, que ficou preso no trânsito de Londres e chegou uns minutos atrasado, disse piadas, brincou com o facto de ser o orador seguinte a outro Nobel da Paz, Muhammad Yunus - o pai do microcrédito - e falou com paixão e energia, mas de forma pausada, sobre um tema que o move há anos. O Nobel indiano é fundador do movimento Salvar a Infância, que resgatou 80 mil crianças da escravatura, do tráfico e da exploração laboral durante mais de 30 anos.

Gerando um silêncio respeitoso na sala, Satyarthi contou a história de uma criança de 11 anos que um dia perguntou a um painel de peritos: "O que nos impede de acabar com a escravatura?" Falando da necessidade da criação de um "movimento global pelos direitos das crianças”, apelou à criação de parcerias e alianças para combater o fenómeno. "Precisamos de criar este sentido de urgência", instigou com a sua voz serena. "Acredito na ideia da solução e que a solução está no próprio problema", disse o homem que ao fim do dia ia lançar a campanha Pelo Fim da Escravatura Infantil.

"Não acabar com a escravatura é um dos maiores pecado globais", completou Satyarthi. Recorde-se que os lucros do trabalho forçado estão estimados em 150 mil milhões de dólares anuais pela Organizacao Mundial do Trabalho.

A conferência dedicada às mulheres e à escravatura moderna, coordenada pela presidente da Fundação Thomson Reuters, Monica Villa, levou a Londres 550 delegados de 55 países, incluindo vítimas da escravatura e directores de organizações não-governamentais que lutam contra a escravatura.

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