Raide norte-americano mata vários líderes jihadistas do EI no Iraque

EUA não estão em condições de confirmar se o líder do grupo Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, está entre as vítimas

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Várias televisões árabes deram Baghdadi como ferido, muito provavelmente morto DR

Caças americanos bombardearam uma coluna de veículos do grupo que se auto-intitula Estado Islâmico (EI) que circulava perto de Mossul, no Norte do Iraque. Responsáveis iraquianos disseram que um número indeterminado de líderes do movimento jihadista tinham sido mortos, mas os EUA não estão em condições de confirmar que o principal dirigente do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, está entre essas vítimas

No sábado, várias televisões árabes deram Baghdadi como ferido, muito provavelmente morto, mas o comando americano para o Médio Oriente (Centecom) “não pode confirmar” que o autoproclamado califa do EI se encontrava no interior dos veículos atingidos.

Segundo o Centecom, “aparelhos da coligação conduziram [na sexta-feira à noite] uma série de ataques aéreos no Iraque contra aquilo que se suspeitava ser um conjunto de dirigentes do EI perto de Mossul”. Esses ataques “destruíram uma coluna de veículos formada por dez camiões armados do EI”. O Guardian refere que podem ter morrido cerca de 50 jihadistas nesta raide.

Mossul é um dos centros nevrálgicos dos radicais do EI depois de estes terem tomado o controlo daquela que é a segunda maior cidade do Iraque em Junho. A conquista de Mossul marcou o início da ofensiva iraquiana desta organização extremista sunita que até então já controlava algumas zonas da Síria.

Depois de garantir o controlo de vastas regiões do Iraque, foi a partir de Mossul que Baghdadi apareceu ao mundo para proclamar o nascimento do califado em território sírio e iraquiano, no dia 5 de Julho. Na cidade de 1,5 milhões de habitantes, o EI já tinha, entretanto, imposto uma rígida versão da sharia (lei islâmica).

Baghdadi, um iraquiano nascido em Samarra, dedicava-se às prédicas quando os EUA invadiram o Iraque em 2003. Depois radicalizou-se e acabou por ser detido pelas forças norte-americanas e passou quatro anos no Campo Bucca. Terá sido nesta prisão que Baghdadi conheceu vários operacionais da Al-Qaeda, de quem recebeu treino, e também muitos dos actuais líderes do EI.

Reforços para Anbar
Patrick Ryder, porta-voz do Centecom, deu conta de uma outra operação da aviação norte-americana na província iraquiana de Anbar. Vários bombardeamentos efectuados na sexta-feira, perto de Al-Qaim, junto à fronteira com a Síria, destruíram um veículo militar do EI e vários postos de controlo dos jihadistas.

Responsáveis iraquianos e chefes tribais disseram que esses bombardeamentos continuaram no sábado e tiveram como alvo figuras da liderança do EI. Mas esta informação não foi confirmada ao Washington Post pelo Centecom.

Nas últimas semanas, o EI conseguiu controlar a maioria da província que foi o epicentro da revolta sunita contra as tropas dos EUA durante a guerra do Iraque. Apesar de o EI ser um grupo sunita, algumas tribos locais decidiram lutar contra os extremistas.

São estes líderes tribais que agora pediram aos EUA ajuda militar para travar a ofensiva do EI em Anbar, onde os jihadistas já massacraram centenas de homens que ousaram desafiá-los. Na sexta-feira, o Presidente americano anunciou o envio de mais 1500 militares para o Iraque, incluindo formadores e conselheiros militares, que vão ser destacados para a província de Anbar.

A dificuldade de determinar quem é que foi morto nos raides aéreos do fim-de-semana é bem reveladora dos desafios de uma estratégia militar que implica a presença reduzida de tropas no terreno. Isto porque, por mais sofisticados que sejam os sistemas de recolha de informação a partir dos aviões, será sempre muito difícil confirmar a eficácia dos ataques se não existirem homens no terreno para recolher informação credível e verificável. Baghdadi pode estar morto. Ou ferido. Ou vivo.

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