Auxiliar espanhola que sobreviveu ao ébola nega ter tocado com as luvas na cara

Na primeira entrevista depois de dada como curada, Teresa Romero nega as explicações inicialmente avançadas e garante que alertou o centro de saúde para o contacto que teve com doentes com ébola.

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Hospital na Grã-Bretanha, que exemplifica o tipo de preparação para o vírus do ébola Leon Neal/AFP

As primeiras declarações públicas depois de ter sobrevivido à infecção pelo vírus do ébola são feitas por Teresa Romero ainda a partir do Hospital Carlos III, em Madrid, onde está internada há quase um mês. A auxiliar de enfermagem espanhola, de 44 anos, foi contagiada depois de ter prestado assistência aos missionários Miguel Pajares e Manuel García Viejo, repatriados da Libéria e da Serra Leoa depois de ficarem doentes e que vieram a morrer neste hospital. Inicialmente chegou a avançar-se que Teresa tinha contraído o vírus ao tocar com as luvas na cara, mas agora a profissional garante que cumpriu todo o protocolo do estabelecimento de saúde.

Teresa Romero, que falava ao diário espanhol El Mundo, negou as versões dadas em entrevistas anteriores ao seu prognóstico se ter agravado, quando se chegou a avançar que as lesões internas poderiam ser irreversíveis. Agora, dada como curada depois de dois testes negativos, mas ainda em isolamento por ainda ter vírus mortos em circulação, a auxiliar de enfermagem diz que não se lembra das conversas com os jornalistas e assegura que cumpriu as regras de segurança das duas vezes que entrou no quarto de um dos missionários – uma das quais depois da morte de Manuel García Viejo, precisamente para limpar a divisão e onde terá permanecido 50 minutos.

A auxiliar adiantou, ainda, que no primeiro contacto com o centro de saúde alertou o médico para o contacto com doentes de ébola, mas que regressou a casa apenas com parecetamol, um medicamento que pode mascarar os sintomas do vírus e atrasar o diagnóstico. Esta versão, diferente da inicial, contraria o que chegou a ser avançado pelas autoridades espanholas, de que Romero teria omitido o risco nos contactos com os serviços de saúde. A doente critica também o facto de o seu cão ter sido abatido, uma informação que só lhe foi transmitida pelo marido agora que melhorou.

Sobre este caso e os contágios de profissionais de saúde em geral, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) sublinha que “até de forma inconsciente se pode levar uma mão ao olho” – o que é suficiente para ficar infectado pelo vírus do ébola. Mário Durval recorda imagens que tem visto na televisão relacionadas com o combate à epidemia nos países da África Ocidental e que mostram acidentes ou falhas “difíceis de eliminar”. “Num caso surgiu um profissional fardado que ainda com as luvas postas abriu a porta de uma carrinha e entrou e saiu várias vezes. Naturalmente que qualquer pessoa que vá a seguir pegar na manete de abertura que fica em risco de ser contaminada”, exemplifica o médico.

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