Alemães tentaram evitar conferência de imprensa

Presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa fala num sonho concretizado.

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Desanimados e perplexos com o que tinha acabado de acontecer (a perda do título de campeões europeus de ténis de mesa), os alemães tentaram não participar, no domingo, na conferência de imprensa habitual, no final do encontro que fez de Portugal o novo campeão europeu por equipas, em Lisboa. Elementos da federação asseguraram, no entanto, que cumpriram os compromissos.

Jörg Roßkopf, o treinador da selecção alemã, não escondeu perante os jornalistas o desânimo pela derrota – “Estamos desiludidos com o que fizemos” – e falou na falta de um terceiro jogador mais experimentado. “Teria equilibrado o jogo para o nosso lado”, disse, referindo-se à ausência de Patrick Baum. E deu conta do próximo objectivo: “Vencer a China, a campeã do mundo.”

Timo Boll recordou que já tinha perdido um jogo com Marcos Freitas, “há muito tempo”, e elogiou a prestação do atleta português: “Fez um jogo muito bom e percebia-se que estava mais crente na vitória do que na fase de grupos.” Disse ainda que a pressão do público foi bastante forte e que lhe faltou alguma concentração. Steffen Mengel, que também jogou contra Marcos Freitas, lamentou “não ter conseguido ajudar a equipa”.

Dimitrij Ovtcharov, o número 1 da Europa, disse-se “muito desapontado” consigo próprio. “Eu queria muito ganhar.” Lembrou que foi a primeira vez que perdeu um jogo num Europeu e valorizou o desempenho de Tiago Apolónia, o seu adversário no terceiro jogo, que perdeu por 3-1. “Um grande jogador. Eu não estive bem.”

“A história perfeita”
Animados, mas também perplexos estavam os atletas portugueses. Pedro Rufino, o seleccionador nacional, estava visivelmente contente: “É o dia mais feliz da minha vida desportiva.” E sintetizou o que se passou no MeoArena: “Estávamos num grupo considerado ‘da morte’ e estivemos praticamente fora da competição. O João [Monteiro] esteve perfeito e conseguiu garantir o apuramento. Depois, passo a passo, contrariámos os adversários.” E concluiu: “Eles merecem ser os actuais campeões da Europa.”

Marcos Freitas repetiu muitas vezes a palavra “sonho” e disse, com graça, que já tinha pedido “umas chapadas” aos colegas João Geraldo e Diogo Chen, para ver se acordava ou se era mesmo verdade. “Ser campeão da Europa pela primeira vez e em casa é um sonho. Estou muito satisfeito. O fim foi muito rápido, nem me lembro do ponto. Sei que festejámos todos juntos”, contou.

Para Tiago Apolónia, “a vitória é de todos, de Portugal”. E agradeceu o carinho dos portugueses, no país e fora de portas. “As mensagens, chamadas e todo o apoio recebido nos últimos dias foram decisivos. A vitória é para eles.” O atleta acredita que este resultado se pode traduzir “num boom no ténis de mesa em Portugal”.

Apolónia falou dos seus problemas físicos depois do jogo contra a Suécia (o jogador escorregou durante a prova e teve dores numa anca) e do sabor de ganhar à Alemanha. “Vivo lá há sete anos, perdemos muitas vezes contra eles. Isto é um sonho.”

João Monteiro não tem dúvidas: “O público é uma mais-valia para nós.” Sobre o seu jogo contra Timo Boll, afirmou: "Esteve sempre à frente. Mereceu ganhar.” Mas estava muito contente por o grupo ter ganho em Portugal: “Fomos campeões da Europa e ainda por cima frente ao nosso público.”

Para o presidente da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, foi a “história perfeita”. Disse Pedro Miguel Moura: “O nível dos mesa-tenistas de Portugal permitia sonhar com um momento destes, mas só num dos meus melhores sonhos é que conseguiria ver Portugal organizar um europeu e acabar desta maneira.”

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