Pistorius planeia escrever livro sobre a morte da namorada

Condenado por homicídio involuntário, atleta sul-africano só a 13 de Outubro conhecerá a sentença.

Foto
Pistorius à saída do tribunal após o veredicto Mujahid Safodien/AFP

É mais uma acha para a fogueira da polémica que rodeia o julgamento de Oscar Pistorius, o atleta paralímpico condenado por homicídio involuntário da namorada. A sentença ainda não foi anunciada, mas o agente do atleta sul-africano assegura que ele planeia escrever um livro com a sua versão do que aconteceu naquela noite de Fevereiro de 2013.

“Ele vai escrever o seu próprio livro”, revelou ao jornal britânico Observer Peet van Zyl, num momento em que foram já publicadas várias obras sobre Pistorius e sobre o julgamento mais mediático de sempre na África do Sul. O agente não quis adiantar pormenores, mas garante que tem “discutido ideias e conceitos” com o atleta.

A publicação de um livro que certamente se transformaria num sucesso de vendas pode ajudar a equilibrar as finanças de Pistorius, depois dos milhões gastos com os advogados e as custas do processo. Mas será, também sem margens para dúvidas, um livro polémico, que levará muitos dos que não acreditam na tese de inocência do atleta a acusá-lo de fazer dinheiro à custa da morte de Reeva Steenkamp, a modelo de 29 anos com quem namorava.

O tribunal concluiu que Pistorius não premeditou nem teve intenção de matar Steenkamp quando, na madrugada de 14 de Fevereiro, disparou quatro tiros contra a porta da casa de banho atrás da qual a namorada se encontrava. O atleta confessou ter disparado, mas afirma que o fez na convicção de que um ladrão tinha entrado pela janela da casa de banho.

Condenado por homicídio involuntário, Pistorius foi libertado sob caução e terá de regressar a tribunal a 13 de Outubro para a leitura da sentença. Peet van Zyl acredita, no entanto, que o atleta pode ser condenado a uma pena suspensa – “depois desse dia vamos dizer ao mundo o que faremos”.

Nos últimos dias têm surgido rumores de que Pistorius, o primeiro atleta paralímpico a competir em Jogos Olímpicos, poderá regressar à alta competição no caso de não ser condenado a prisão efectiva. Sabe-se que tem treinado e algumas fontes admitem que o seu objectivo seria estar em forma a tempo de competir nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.

Notícias – tanto o livro como o hipotético regresso à competição – que prometem revoltar os pais de Reeva Steenkamp que, numa entrevista sábado à televisão ITV se declararam “chocados e desiludidos” com o veredicto do tribunal. “Sabes que o teu coração está ferido porque queres saber a verdade. Isto está a ir na direcção errada, é isso que eu sinto”, disse a mãe, June Steenkamp, numa entrevista horas depois de conhecido o veredicto.

Já neste domingo, Angie Motshegka, ministra da Educação sul-africana e presidente da Liga de Mulheres do ANC, disse esperar que o atleta seja condenado por homicídio em sede de recurso, por considerar que a decisão da primeira instância “é injusta para as mulheres”. Segundo a sua a sua porta-voz, Motshegka tem a plena convicção de que Pistorius “não foi condenado por homicídio por razões puramente técnicas”.

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