Candidato à sucessão de Jardim denuncia ambiente de medo na Madeira

Miguel de Sousa revela que no PSD regional “tudo é controlado, perseguido, pressionado e espiado”.

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O suspeito foi denunciado por uma jovem de 17 anos apontando-o como o alegado autor de um crime RUI GAUDÊNCIO

Miguel de Sousa, candidato à liderança do PSD na Madeira, classificou esta região como uma “terra de medos”, onde “tudo é controlado, perseguido, pressionado e espiado” no seu próprio partido, há 38 anos no poder.

Na página da sua candidatura na Internet, Sousa reconhece que a situação “não é resultado dos actos e atitudes da oposição” – que há muito condena os comportamentos persecutórios do poder regional  –,  mas “é o resultado de uma sociedade do medo, onde não se pode contrariar uns 'senhores' da política, quais samurais sagrados, alguns agora tornados candidatos à liderança do PSD-M”.

A propósito das eleições internas marcadas para Dezembro, refere que “não se pode divergir do candidato [apoiado por Jardim], dele discordar, apoiar concorrente ou sequer pôr um ´gosto´ num qualquer texto com o qual se concorde no Facebook”. A consequência dessas atitudes ou gestos, diz Miguel de Sousa, “é o desprezo profissional, a incerteza da recondução no cargo, a certa não promoção, o afastamento de um qualquer familiar, a ausência de convites, o afastamento da corte real, etc”.

O antigo vice-presidente do governo (1988/92) e actual vice-presidente do parlamento regional acrescenta que “o medo, até da mera suposição de quem apoia ou sequer simpatiza, tomou conta dos nossos companheiros, aprisionados na dependência de um qualquer emprego ou relacionamento profissional”.

Segundo o dirigente social-democrata, que formaliza esta quarta-feira a candidatura subscrita por mais de 100 militantes, “as pessoas sofrem, suportam a obrigação do apoio ou a indispensável assinatura de ficha de candidatura, tudo a troco da noite bem dormida sem o sufoco das ameaças inadmissíveis de um qualquer candidato a ditador de mau feitio e carácter”.

Sousa defende que é preciso “libertar desta opressão” e da “ditadura que se candidata nesta eleição. É a oportunidade de sermos livres, senhores da nossa vontade” e de “termos tido esta oportunidade para afastarmos da nossa vida política quem não respeita o nosso simples direito a ter o poder de escolher, o único poder do povo”.

Em Novembro de 2012, nas primeiras e únicas eleições internas em que Alberto João Jardim teve um opositor em mais de três décadas, o seu rival Miguel Albuquerque também denunciou o "clima de medo", exigindo que o líder histórico dos sociais-democratas locais respeite os "princípios democráticos" na região e dê o exemplo dentro do próprio partido.

O então presidente da câmara do Funchal, que obteve uma surpreendente votação de 49 contra 51 por cento, volta a apresentar-se na corrida à sucessão de Jardim a que também se candidatam o vice-presidente do governo, João Cunha e Silva, o secretário regional dos Recursos Naturais e Ambiente, Manuel António Correia, e o ex-eurodeputado, Sérgio Marques.

 

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