Galamba fala de "risco de fraude" eleitoral, Perestrello afasta irregularidades

Em vésperas das eleições para as distritais socialistas, cresce a crispação entre os dois candidatos à Federação de Lisboa, António Galamba e Marcos Perestrello.

Foto
Enric Vives-Rubio

O candidato à Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) socialista, António Galamba, declarou esta quarta-feira haver um "risco de fraude enorme" nas eleições de sexta-feira e diz haver “medo no PS de Lisboa”. Marcos Perestrello, recandidato ao cargo, responde que a responsabilidade pela gestão dos ficheiros de militantes e das quotas é do Secretariado Nacional, de que faz parte o seu adversário. E se há a possibilidade de fraude eleitoral é porque "António Galamba criou condições para que existisse".

Um dia depois de ter atacado António Costa, acusando-o de se confortar com “golpadas antidemocráticas”, António Galamba mostrou esta quarta-feira, em conferência de imprensa, na sede da FAUL, documentos sobre militantes inscritos na mesma morada como se "essas residências tivessem capacidade hoteleira ou fossem mini-células".

"Trata-se de meras bolsas eleitorais", disse, ao mesmo tempo que mostrava vários exemplos, como uma casa em Sacavém, onde vivem 12 pessoas. Mostrou ainda três envelopes com uma morada de Alcântara, mas dirigida a três militantes diferentes, para comunicar pagamento de quotas. Sobre este caso, revelou que os proprietários da casa garantiram que essas pessoas não residem no local.

"O risco de fraude eleitoral numa situação destas é enorme", afirmou o candidato, apoiante de António José Seguro, que admite a hipótese de uma pessoa votar várias vezes, desde que apresente um cartão de militante, que não tem fotografia, as quotas em dia e apresentem testemunhos para a sua identificação.

Em véspera de eleições, Galamba desafiou a actual maioria da FAUL a parar com as "golpadas antidemocráticas" , revelando que será feito um "esforço grande" para que, na sexta-feira, estejam delegados da sua candidatura em todas as mesas de voto e que os militantes tenham de apresentar um documento de identificação.

Na conferência de imprensa, o candidato voltou a insurgir-se contra o facto de a Comissão Organizadora do Congresso (COC) ter apenas apoiantes do seu adversário que, sublinha, terá sido beneficiado com a mudança do rácio para a escolha de delegados de "modo a dificultar a apresentação de listas alternativas ou desmultiplicar as mesas de voto para dificultar a fiscalização do ato eleitoral".

Galamba denunciou ainda haver "medo no PS/FAUL", baseando esta acusação no testemunho de um militante que disse que tirar uma fotografia consigo "é um acto coragem". E pediu acesso às actas integrais da COC para, eventualmente, pedir a impugnação, mas "este é um cenário que não está no horizonte".

Perestrello devolve responsabilidades
A resposta do seu adversário surgia pouco tempo depois. Marcos Perestrello sublinhou que a "responsabilidade pela emissão dos cadernos eleitorais, pela gestão dos ficheiros do partido, das mudanças de militantes, da inscrição de militantes, pelo recebimento das quotas e fidelidade dos cadernos eleitorais é do Secretariado Nacional”. E apontou quem, em particular, tem os pelouro da organização: Miguel Laranjeiro e António Galamba. "Nos termos dos estatutos do partido, as responsabilidades são claramente do Secretariado Nacional, não são das federações", alegou o presidente da FAUL.

“Esta é uma situação de quem atirou a pedra e escondeu a mão”, acusou ainda, para perguntar: “Se havia irregularidades, por que é que António Galamba, que tem responsabilidades na organização do partido há três anos, ainda "não as regularizou?”

Sobre as acusações de perseguições a militantes enunciadas terça-feira pro Galamba, o actual líder da FAUL disse desconhecê-las e aproveitou para informar que na COC há um representante de cada uma das listas candidatas. De resto, lembrou que na eleição da composição da comissão política da federação houve unanimidade, ou seja o seu adversário votou a favor.

Respondendo às acusações de que há “risco de fraude eleitoral”, Perestrello avisa que, se existe, é porque "António Galamba criou condições para que existisse". E recorda que Jorge Coelho, presidente da Comissão Eleitoral das eleições primárias, “teve o bom senso de retirar a gestão do ficheiro das primárias das mãos dos secretários nacionais para a organização".

As eleições para as federações do PS realizam-se sexta-feira e sábado e as primárias, disputadas entre António José Seguro e António costa, para a escolha do candidato socialista a primeiro-ministro, em 28 de Setembro.

 

 

Sugerir correcção
Comentar