O “menino do papá” cresceu e até já merece louvores do special one

Bradley chegou à selecção quando o pai era treinador dos yankees, mas é hoje um dos imprescindíveis de Klinsmann.

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Michael Bradley ganhou o seu espaço na selecção norte-americana Nelson Almeida/AFP

É um dos mais influentes jogadores dos EUA, mas durante muito tempo, os americanos viam-no apenas como o “menino do papá”; pode gabar-se de ter recebido rasgados elogios por parte de José Mourinho, mas já integrou vários emblemas europeus sem nunca pegar de estaca no futebol do Velho Continente; foi responsável pela perda de bola que originou o golo do empate de Varela, no jogo frente a Portugal, mas Klinsmann jura a pés juntos que está agradado com o seu desempenho. Esta constante dicotomia não invalida que, aos 26 anos, Michael Sheehan Bradley seja uma das figuras de proa da selecção que, pela primeira vez na sua história, regista a segunda presença consecutiva nos oitavos-de-final do Mundial.

Comecemos pelo princípio: aquele que é hoje um dos principais motores do meio-campo norte-americano começou a dar nas vistas no New York Metrostars (hoje New York Red Bulls), numa altura em que a equipa era treinada por Bob Bradley. E não, a correspondência nos apelidos não é mera coincidência. Na verdade, o Bradley “júnior” teve a sua primeira oportunidade enquanto profissional quando o pai era o treinador desta equipa nova-iorquina.

A história repetiu-se dois anos depois quando o técnico assumiu o comando da selecção americana e voltou a apostar no jovem Michael, uma decisão que lhe valeu a desconfiança de muitos dos que olhavam para ele como um mero “menino do papá”.

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Só que o jovem médio não se ficou e a sua qualidade rapidamente despertou a atenção do Heerenveen, da Holanda, tendo-se tornado no jogador mais jovem de sempre a deixar a Major League Soccer (MLS) para um emblema europeu (tinha, na altura, 17 anos). Nos Países Baixos, a adaptação nem sempre foi fácil, mas na temporada 2007-08, dois anos depois de chegar à Holanda, assumir-se-ia como uma peça fundamental, ao apontar 15 dos 88 golos da equipa no campeonato.

O mais recente inimigo dos guarda-redes da Eredivisie ganhou, por isso, a possibilidade de dar nas vistas num campeonato mais competitivo, como é o alemão, ao serviço do Borussia M’gladbach. Seguiu-se um empréstimo pouco feliz ao Aston Villa e um regresso à trajectória ascendente no Chievo, que lhe valeu uma mudança para a Roma, onde até começou bem, mas acabou por perder gás.

Assim se explica que Michael Bradley chegue a este Campeonato do Mundo ao serviço de um modesto Toronto, algo que tem feito espécie a… José Mourinho. “Não consigo de todo perceber como é que um jogador assim não actua num dos clubes de topo na Europa. É fantástico e ainda está com uma idade perfeita para competir”, defendeu o técnico português, em declarações ao site Yahoo Sports, depois de Portugal ter empatado a duas bolas com os EUA.

Opinião diferente têm muitos dos críticos do seu país, que não o perdoam pelo lance em que, aos 90'+5', deixou a bola ao alcance de Éder, que lançou o ataque letal para as pretensões americanas de vencer o jogo. Ainda assim, Jurgen Klinsmann não hesitou em sair em sua defesa: “Estou muito satisfeito com o desempenho dele até agora. Se passámos da fase de grupos, foi muito graças à influência que ele tem no campo.” Bob Bradley, por certo, concordará, mas, num ponto, Michael pode respirar de alívio: desta vez, ninguém o pode acusar de os elogios serem suspeitos. 

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