Gana-EUA à lupa: Bradley é o cérebro de uma equipa que preferiu o contra-ataque

Equipa académica analisou as interacções entre os jogadores no jogo entre o Gana e os Estados Unidos, os próximos adversários de Portugal no Mundial 2014.

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Na figura “rede de acções” do Gana-EUA, vemos as acções realizadas com a bola pelos jogadores, tais como passes, lançamentos, cortes de cabeça, cantos, cruzamentos. O tamanho dos nós (jogadores) é definido pelo número de jogadores com que interage cada jogador. A largura das ligações aumenta em função do número de acções realizados entre dois jogadores. Os nós mais amarelos significam menor precisão nas acções, mais vermelho indica maior precisão.

Na rede de acções, a ligação mais forte nos EUA é Beasley-Jones. Todavia, Jones dá uma continuidade previsível a estas acções, ou para Johannsson ou para Dempsey, tendo, no entanto, sido através desta última ligação que surgiu o primeiro golo frente ao Gana.

Acrescido a isso, os EUA mostram que os médios centrais participam em muitas jogadas e com grande precisão, nomeadamente Beckerman e Bradley, o qual liga com Johannsson no ataque, também ele com muita eficácia. Bradley é o jogador responsável pela organização do ataque da sua equipa, como o demonstram as muitas relações que estabelece com os seus colegas.

Pelo lado direito vemos que Zusi e Johnson são também jogadores com elevada precisão nas suas acções, contrastando com Bedoya, que, embora participe em muitas interacções, tem menor precisão. O golo aos 30 segundos de Dempsey pode ter levado os EUA a aproximarem-se da sua baliza e a saírem preferencialmente em contra-ataque (o canto em que Brooks marcou o segundo golo, aos 86', foi na sequência de um contra-ataque), dando espaço para a equipa do Gana ter mais a posse da bola.

Quanto ao Gana, revela uma maior precisão em todos os jogadores, excepto o atacante Gyan. A ligação entre os defesas e os médios é muito mais robusta do que a ligação entre médios e atacantes. O Gana apresenta várias ligações estáveis, nomeadamente Asamoah-Muntari, Opare-Atsu e Mensah-Asamoah. Asamoah é um jogador muito influente e eficaz na 1.ª construção do ataque, tendo participação essencial no golo do empate marcado por A. Ayew aos 82’. Já Opare é o jogador com mais passes errados do Gana: 15. No meio-campo, Essien é um jogador que revela grande precisão e influência na equipa, embora só tenha jogado cerca de 20’.

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A dinâmica de cada equipa ao longo do jogo pode ser captada em forma de rede. A rede é constituída por nós (jogadores posicionados aproximadamente como em campo) e ligações (setas) entre os nós. A análise da dinâmica da equipa implica que se incluam os jogadores substituídos (tempo de jogo à frente do nome), por isso mais de 11 jogadores podem fazer parte da rede. Do mesmo modo, jogadores que não tenham feito um mínimo de 3 passes podem não aparecer na rede e deste modo temos as ligações mais estáveis na dinâmica da equipa.

Projecto do Laboratório de Perícia no Desporto da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa em parceria com o Programa Doutoral em Ciências da Complexidade (ISCTE-IUL e FCUL).

Coordenador
Duarte Araújo (FMH-UL)

Equipa
Rui Lopes (ISCTE-IUL e IT-IUL)
João Paulo Ramos (ISCTE-IUL e FEFD-ULHT)
José Pedro Silva (FMH-UL)
Carlos Manuel Silva (FMH-UL)

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